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Otimismo econômico está em colapso

Relatório Edelman Trust Barometer 2023 aponta que apenas 40% dos entrevistados em todo o mundo acham que estarão melhor financeiramente daqui a cinco anos

relatorio edelman © - Shutterstock
por Redação junho 1, 2023
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O otimismo econômico está em colapso em todo o mundo, conforme mostra o relatório Edelman Trust Barometer Global Report 2023. O principal indicador de desconfiança em relação à economia está nas repostas dos entrevistados ao enunciado “minha família e eu estaremos em situação melhor daqui a cinco anos”.

Do total de entrevistados no mundo, apenas 40% responderam que acreditam que estarão melhores, contra 53% na pesquisa de 2019. No Brasil, o otimismo é um pouco maior: 58% dos entrevistados acreditam que eles e suas famílias estarão melhores em cinco anos – mesmo assim, a resposta significa uma queda de 15 pontos na confiança de 2022 (73%) a 2023. O relatório global pode ser lido na íntegra, em inglês, ou na versão em português.

Empresas inspiram mais confiança que governos

A pesquisa é realizada anualmente e está em sua 23ª edição. Ao todo, para a edição de 2023, foram ouvidas 32 mil pessoas, de 28 países. A nova pesquisa traz ainda revelações como o fato de as empresas inspirarem muito mais confiança nos entrevistados do que os governos. Nos EUA, por exemplo, apenas 42% dos entrevistados responderam que têm confiança nos governos, contra 55% nas empresas. No Brasil, a desconfiança nos governos é ainda maior: apenas 40% confiam, contra 64% nas empresas.

Desemprego preocupa

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A pesquisa também mostra um elevado grau de ansiedade pessoal em relação à economia e a questões ligadas à justiça social. No relatório global, o desemprego é fonte de preocupação para nada menos que 89% dos entrevistados, enquanto 74% se preocupam com a inflação. No relatório para o Brasil, o cenário é ainda pior: o desemprego preocupa 93% e a inflação, 81%.

Já em relação às mudanças climáticas, 76% dos entrevistados no relatório global demonstram preocupação. A possibilidade de uma guerra nuclear atormenta 72%; a escassez de comida preocupa 67% e a falta de energia, 66%. No relatório para o Brasil, 82% se preocupam com o clima e 78% com a escassez de comida; 77% temem uma guerra nuclear e 72% a falta de energia.

A credibilidade do governo e da mídia como fontes de informação também está abalada. Em relação ao governo, 46% acham que fornece informações falsas ou enganosas, contra apenas 39% que consideram a fonte confiável. Em relação à mídia, houve empate: 42% acreditam que fornece informação correta e 42% acham que oferece informação enganosa. As empresas e as ONGs estão bem posicionadas. Do total de entrevistados, 51% acham que as ONGs são uma fonte confiável de informação, contra 29% que pensam o contrário. As empresas também têm desempenho positivo: 48% X 30%.

Mundo está polarizado

De acordo com o relatório, o mundo está bastante polarizado. Seis países – Argentina, Colômbia, EUA, África do Sul, Espanha e Suécia – vivem uma situação de “polarização severa”. O Brasil está na faixa de “risco de polarização severa”, junto com Coréia do Sul, México, França, Reino Unido, Japão, Holanda, Itália e Alemanha. As causas da polarização são falta de confiança no governo, falta de identificação mútua, injustiça sistêmica, pessimismo econômico, medos relativos ao bem-estar da sociedade e falta de confiança na mídia.

Em consequência da polarização, o mundo está mais dividido do que no passado. Ao todo, 53% responderam sim ao enunciado “nosso país está mais dividido hoje no que no passado”. O resultado é ainda mais alarmante no Brasil: 78% acreditam que o país está mais dividido hoje que no passado.

Na pesquisa global, 65% concordaram com a afirmação “a falta de civilidade e respeito mútuo atual é a pior que já vi”. E 62% se identificaram com o enunciado “o tecido social que antes mantinha esse país unido tornou-se fraco demais para ser uma base de união e propósito comum”. No Brasil, os índices são ainda mais elevados: nada menos que 80% reclamam da falta de civilidade e 63% do enfraquecimento do tecido social.

CEOs atraem expectativas elevadas

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Com índices semelhantes aos da média da pesquisa mundial, o Brasil deposita grande expectativa em seus CEOs. Ao enunciado “espero que os CEOs posicionem-se publicamente sobre esse assunto”, 90% apontaram o tratamento aos trabalhadores; 88% as mudanças climáticas; 83% a discriminação; 79% a desigualdade de renda; e 75% a imigração.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) é a instituição multilateral mais confiável em todo o mundo. Do total de entrevistados, 67% dizem confiar na OMS, contra 59% na Organização das Nações Unidas (ONU) e 56% na União Europeia.

Como lidar com a polarização

Baseado nos resultados da pesquisa, o Edelman Trust Barometer 2023 faz quatro recomendações aos países para lidar com um mundo polarizado.

Empresas

Sendo a instituição com maior confiança, as empresas recebem maiores expectativas e, portanto, mais responsabilidade. Isso mostra que devem usar essa prerrogativa para participar do debate e ajudar a achar soluções para questões climáticas, de diversidade e inclusão e de qualificação profissional.

Governo

Governos e empresas devem trabalhar juntos. Essa associação deve promover o consenso e gerar políticas para uma sociedade mais justa.

Otimismo econômico

Os países devem investir em remuneração justa e em qualificação, além de apoiar comunidades locais para reduzir a divisão entre classes.

Informação

As fontes de informação devem ser confiáveis e promover o discurso cívico. Já as falsas devem ser alvo de correção e responsabilização.




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