“Vocês trabalharão nos próximos 5 a 10 anos em um contexto ‘policrítico’” (acúmulo de crises econômicas, políticas e sociais). Assim, Marcos Troyjo abriu sua conversa com empresários no 9º Fórum Anual das Médias Empresas, realizado pela Fundação Dom Cabral (FDC). O ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como Banco dos BRICS (grupo que reúne o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e professor associado da FDC, afirmou que, apesar do cenário desafiador, há inúmeras possibilidades positivas e, para as empresas, algumas certezas, quando é feita uma análise dos próximos 25 anos. 

O crescimento populacional é um desses fatores. O mundo, segundo o economista, verá um aumento de dois bilhões de pessoas em apenas nove países nesse período. Esse incremento será impulsionado principalmente por economias emergentes, que desempenharão um papel cada vez mais relevante no cenário global. Para o Brasil, o futuro é especialmente promissor. “O Brasil é uma superpotência em produção de alimentos, e assim será nos próximos 20 anos; tem grande potencial energético, dada a sua combinação de matrizes, e é um ator indispensável para a transição para uma economia mais verde”, ressaltou. Essas características colocam o país em uma posição vantajosa diante de outros mercados.

Além disso, segundo Troyjo, estamos testemunhando um redesenho das cadeias de valor globais. “A desindustrialização da China cria oportunidades para o Brasil, sobretudo para suas médias empresas, que podem se beneficiar com a reorganização dos fluxos comerciais”, alertou. Na visão econômica, trata-se de um momento em que o país pode fortalecer suas indústrias e aumentar sua competitividade no mercado global.

Policrise trará oportunidades

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Foto: Homero Xavier/ FDC

Outro ponto de atenção é a inter-relação crescente entre o tecnológico, gerencial e humano. “Ou você é uma empresa de tecnologia, ou você não é uma empresa”, alertou, abordando a importância de que as organizações se adaptem rapidamente às inovações tecnológicas.

O campo de possibilidades pode ser ainda mais vasto, segundo o especialista. “No balanço das coisas, tem muita ‘policrise’, tem muito risco, mas, tem muita porta escancarada para ser aproveitada”, disse Troyjo, que reforçou que o momento exige coragem e visão para que as oportunidades sejam aproveitadas.