O número de Organizações da Sociedade Civil (OSCs), ou Organizações Sociais, vem subindo consideravelmente em todo o Brasil. Nos últimos dez anos, houve um aumento de mais de 20% na quantidade de OSCs no país: de cerca de 630 mil, o total passou a quase 880 mil, segundo o Mapa das Organizações da Sociedade Civil, organizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Apesar do crescimento rápido, as entidades do Terceiro Setor ainda não alcançaram a maturidade, devido a uma série de restrições gerenciais.
Atualmente, cada um dos 5.570 municípios do Brasil tem, pelo menos, uma Organização Social, a maioria localizada no Sudeste, seguida pelo Nordeste e pelo Sul. Seus propósitos abrangem diversas demandas sociais: desenvolvimento e proteção de direitos; religião; saúde; educação; pesquisa; assistência social; habitação; meio ambiente e proteção animal. Essas estatísticas se baseiam no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Por isso, não incluem iniciativas ainda não formalizadas, o que provavelmente elevaria significativamente esse número.
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Desafios a serem superados
As restrições gerenciais têm sido um grande desafio à sustentabilidade das Organizações Sociais. Dentre as dificuldades estão treinamento dos funcionários, vulnerabilidade organizacional e dependência de recursos de governos e entidades internacionais. Por um longo período, grande parte das organizações apresentava modelos de administração informal. Mas, desde a década de 90, o Terceiro Setor vem se fortalecendo e sendo reconhecido como ator de revitalização do espaço público, promotor de solidariedade e cidadania. Por isso, as OSCs vêm sendo cada vez mais desafiadas a profissionalizarem sua administração.
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O desafio de adaptar ferramentas de gestão a iniciativas sociais
Aa Fundação Dom Cabral (FDC), por meio do Centro Social Cardeal Dom Serafim, trabalha com diversos portes e perfis de iniciativas. No início de 2024, foi realizado um levantamento sobre maturidade no Terceiro Setor, que concluiu que quase não há propostas de modelos teóricos. O estudo mapeou instrumentos que avaliam a maturidade das Organizações Sociais e criou uma ferramenta para, de maneira simples e abrangente, avaliar a maturidade do Terceiro Setor. Trata-se de um diagnóstico que considera desde a cultura da organização até os sistemas, passando pela liderança, equipe e estratégia. A ferramenta oferece feedback personalizado, simples e direto, com insights importantes para a melhoria da OSCs respondentes. Para obter o diagnóstico, basta entrar no site e responder ao questionário.
OSCs necessitam de ferramentas específicas

Ainda segundo a FDC, a administração das Organizações Sociais apresenta similaridades com a administração de empresas. No entanto, não é possível simplesmente transpor ferramentas do Segundo para o Terceiro Setor. As OSCs necessitam de ferramentas específicas, que contemplem desde a elaboração da estratégia até a execução diária das operações.
A maturidade de uma organização diz respeito às suas competências, recursos e processos. Basicamente, é a capacidade de fornecer resultados. Quanto mais uma organização aprimora suas competências, recursos e processos, melhor tende a ser seu desempenho. Ou seja, a performance é consequência da maturidade.
Improvisação de processos
Organizações imaturas costumam improvisar em seus processos, são reativas e enfrentam desafios com prazos e objetivos. Já as organizações maduras constroem, registram e aprimoram seus processos e atividades, planejando e implementando sua execução. É importante entender que a maturidade é dinâmica, ou seja, é um processo. Também é importante considerar que, se o contexto se altera, o grau de maturidade da organização também pode mudar.