O NotebookLM, disponibilizado no Brasil em 2024, traz um novo sentido ao uso do Gemini (a inteligência artificial generativa do Google). Agora, o usuário pode definir até 50 fontes – entre PDFs, páginas da web, textos e apresentações no drive -, que passam a ser usadas para obter insights e retrabalhar as informações e conteúdos.
Além das funções de sumários, linhas do tempo, análises, geração de resumos em áudio e outros recursos, as respostas trazem referências às fontes de cada trecho. Fica fácil rastrear a origem de cada informação.
Conforme os objetivos, se podem desabilitar ou acrescentar fontes às listas. As observações e comentários também podem ser convertidos em fontes; e passam a fazer parte do repertório que compõe as respostas.
Visibilidade, “criatividade” sob controle e facilidade de supervisão

O primeiro passo para “criar um notebook” é definir o conjunto de arquivos que servem de base às funções de IA.
Pode-se fazer o upload de arquivos em PDF, TXT, MP3 ou vídeos legendados; inserir endereços de páginas na web; copiar e colar textos; ou apontar arquivos do Google Drive. Um contratempo, nessa etapa, é a falta de suporte a formatos como docx ou odt.
Mesmo que armazenados no Google Drive, o NotebookLM só reconhece os conteúdos editados no Google Docs. Portanto, caso os textos, planilhas ou apresentações estiverem armazenados localmente, ou em outros serviços de nuvem (como Office 365), é necessário imprimir e subir os PDFs.
Além de trabalhar com conteúdos previamente validados pelo próprio usuário, a facilidade de percorrer o caminho reverso é uma das grandes vantagens da ferramenta. No texto das respostas são sinalizadas as fontes de referência.
A possibilidade de desabilitar fontes da lista é muito interessante para comparações, filtragem de vieses e outras análises. Na atual versão, não se encontram recursos específicos para diferenciar o peso de cada fonte nos resultados. Contudo, isso pode ser ajustado em prompts, como: “redija um social post com base nos seguintes arquivos…”
O risco de “alucinações”, inerente ao método estatístico e muitas vezes rodriguiano das LLMs genéricas, é minimizado no NotebookLM. Em poucos casos, a ferramenta “inventa” ou faz acréscimos por conta própria. Os acréscimos ou inferências, quando ocorrem, são feitos em funções de baixo risco, como na geração de glossários dos “planos de estudo”.
Transformando textos em podcasts com locutores virtuais

Para habilitar novas opções de texto para áudio, além da locução automática, o Audio Overview é capaz de criar podcasts, com interlocutores virtuais capazes de transformar os conteúdos em conversas dinâmicas.
A geração automática de podcast só está disponível para o idioma inglês.
A partir de um conteúdo o Seja Relevante, também geramos um podcast em inglês. Listamos como fonte todos os links mencionados, que incluíam textos em inglês e português. A ferramenta se sai bem em converter os dados em uma conversa natural, com parcimônia nas inferências. É também possível corrigir e editar determinados trechos, com comandos por prompts. Veja o resultado neste link.
Até agora, não há previsão de disponibilizar a geração de áudio em português. Em um teste recente com o Gemini 2.0, se constata uma habilidade muito incipiente com nosso idioma, com falhas no reconhecimento de palavras, erros de pronúncia e uma mistura de vários sotaques lusófonos.
Compartilhamento e colaboração em empresas com GenIA
O acesso à ferramenta é feito pela conta do Google. As atividades no NotebookLM podem ser compartilhadas da mesma forma do que com o Google Drive ou nos aplicativos.
Em meados deste ano, foi anunciado o NotebookLM Business, ainda sem data de lançamento da versão comercial. Na página do produto, as empresas, inclusive as que não são clientes do Google Workspace, são convidadas a se inscrever para ter acesso antecipado ao release.
A expectativa de uma oferta empresarial do NotebookLM pode ser uma notícia tranquilizadora para quem se acostumar à ferramenta. Apesar das grandes diferenças de tecnologia e funcionalidades, a experiência de uso remete a outro facilitador lançado em 2004 – o Goolge Desktop, que levava à facilidade do buscador à sua própria base de arquivos. O produto, contudo, nunca teve uma versão para ambientes privativos e as buscas eram ou no computador local ou na web inteira.
Em 2011, o Google Desktop foi descontinuado (quando muitos usuários já tinham “desaprendido” a organizar pastas de arquivos, pois bastava buscar por palavra-chave).