Um ambiente de trabalho diverso e acolhedor precisa levar em conta a integração de colaboradores neurodivergentes, termo que engloba pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Dislexia, Síndrome de Down e Transtorno de Desenvolvimento Intelectual (TDI). A inclusão tem que considerar não apenas a especificidade do profissional, como também a composição da equipe e o formato de trabalho.

Alexandre Valverde, psiquiatra e neurodivergente, diz que as pessoas do espectro autista se destacam por apresentar comportamentos mais rígidos, incluindo uma rotina regrada, além de hipersensibilidade sensorial, hiper-reatividade afetiva e capacidade de conexão cognitiva. Ouvido pela reportagem do Valor Econômico, o especialista defende que tudo isso precisa ser pensado na hora da contratação e quando o profissional for integrado ao trabalho.

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O principal desafio pode ser a gestão do profissional neurodivergente. A comunicação com um autista, por exemplo, tem que ser direta e sem ambiguidade, com solicitações sendo feitas de forma simples, linear e literal. Feedbacks negativos também precisam ser mais cuidadosos e devem ser realizados de forma a destacar pontos positivos do trabalho do colaborador.  

A pressão tende a ser negativa com um profissional autista, por isso empresas que têm uma cultura de trabalho baseada na urgência podem ter problemas ao tentar incluí-lo na equipe.

Espaço de trabalho precisa ser revisto

neurodivergentes

Outro desafio é o ambiente de trabalho. O modelo “open space” pode ser um desafio para o neurodivergente, pelo excesso de estímulo e barulho, dificultando a capacidade de concentração. A luz muito clara também pode ser outro fator que atrapalhe o dia a dia do colaborador.

Por isso, é interessante que os gestores considerem a possibilidade de trabalho remoto. Além de evitar uma mudança de infraestrutura da empresa, o neurodivergente poderá manter uma rotina em casa, que já está alinhada às suas necessidades, e não passar por processos de deslocamento que são desgastantes para qualquer pessoa.

Exemplos de inclusão de neurodivergentes

A EY Brasil, que conta com 37 funcionários autistas, fez diversas adaptações para atender não só neurodivergentes, mas também trabalhadores com deficiência (PCD). A empresa pergunta ao colaborador, especialmente o autista, como se sente à exposição no ambiente social e deixa que ele escolha se prefere o modelo remoto ou presencial.

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A companhia também adotou um programa para orientar a liderança na relação com neurodivergentes, ajudando-os a serem mais didáticos e lineares ao passar feedbacks. Na Braskem, são 10 pessoas no espectro autista, que iniciaram na empresa como colaboradores terceirizados por uma consultoria especializada. Antes de iniciar o processo seletivo, a liderança e a equipe já são treinadas para adaptar seus processos, como a importância de passar instruções mais diretas. Outro exemplo é a demarcação de lugares fixos exclusivos para neurodivergentes.