Um novo estudo da Universidade de Yale revela que mulheres e homens negros têm, geralmente, menor probabilidade de obter duas ou mais bolsas simultâneas nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA. A maior probabilidade de obtenção destes postos está com homens brancos. Essa disparidade, dizem os autores da pesquisa, além de limitar trajetórias profissionais, limitam a inovação.
“Foi demonstrado que a diversidade aumenta a qualidade da ciência. Deve haver um forte incentivo para aumentar a diversidade nas equipes de pesquisa e, instituir esse tipo de exigência teria um enorme impacto”, defendeu Dowin Boatright, um dos autores sêniores que conduziram a pesquisa. Ele é vice-presidente de pesquisa do Departamento de Medicina de Emergência da New York University Grossman School of Medicice.
Bolsas e disparidade
Segundo Mytien Nguyen, um Ph.D. estudante da Yale School of Medicine e principal autor do estudo, ter várias bolsas traz vantagens para as carreiras dos pesquisadores. “Os pesquisadores têm mais chances de serem mantidos e promovidos, têm mais voz em suas instituições e na definição de agendas de pesquisa nacionais. Eles também têm laboratórios maiores, que treinam mais jovens pesquisadores”, acrescentou.
“Descobrimos que, desde o grande aumento no orçamento do NIH, que ocorreu em 2015, mulheres e pesquisadores negros eram menos propensos do que homens e pesquisadores brancos a serem super PIs (super principal investigators)”, disse Nguyen. Segundo ele, quando são analisadas as interseccionalidades entre gênero, raça e etnia, percebe-se que as mulheres negras são as menos propensas a serem super PIs. “As mulheres negras tinham 71% menos probabilidade de atingir o status de super IP do que os homens brancos”, detalhou.
Mulheres e negros na pesquisa ampliam inovação
A pesquisa ainda pontua que, concentrar recursos entre investigadores com maior probabilidade de serem brancos e homens, implica no nível de inovação. “Isso também afeta a confiança que as pessoas nos Estados Unidos têm na pesquisa científica”, alertou Boatright.
As diferenças no acesso à orientação de pesquisadores de alto nível podem desempenhar um papel. Pesquisas anteriores mostraram que cientistas negros e mulheres têm menos probabilidade do que cientistas e homens brancos de serem orientados por pesquisadores seniores com mais experiência e influência em seus campos. O investimento em iniciativas de orientação para professores negros e mulheres pode ajudar a garantir que eles tenham acesso a redes de colegas essenciais para o avanço científico e profissional, além de ajudar a fechar as lacunas de financiamento.