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Desenvolvimento de médias empresas
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Estratégia e governança
O Corporate Venture Capital (CVC) chegou ao ecossistema brasileiro para ficar. Essa é uma das principais conclusões da pesquisa Corporate Venture Capital Brasil 2022, realizada pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), em parceria com ApexBrasil, Global Corporate Venture, EloGroup, Fundação Dom Cabral e Vivo Ventures/Wayra.
Os CVC são fundos criados por uma empresa para investir em startups e outros negócios e demonstram o apetite do mercado para o investimento na inovação e novos negócios.
Como sinalizador do interesse pelos CVCs, a pesquisa mostrou que cerca de 83% das empresas de médio e grande porte ouvidas no levantamento já possuem iniciativas para investimentos em startups.
Em 2022, o mercado de Venture Capital passou por um ajuste,
com diminuição de ritmo de investimentos, aumento de ciclo de avaliação de startups e readequação dos valores e das rodadas de investimento. Mas o crescimento do mercado de CVC não foi abalado. Pelo contrário: ganhou mais interesse, com 13 empresas listadas em bolsas de valores lançando seus fundos e anunciando R$ 3,04 bilhões de reais em capital comprometido para o mercado.
Aumento de interesse em CVC
Em 2020, ABVCAP percebeu o aumento significativo de interesse em CVC pelas corporações e estruturou o Comitê de Corporate Venture Capital. O principal objetivo foi acelerar o seu desenvolvimento nas corporações e no ecossistema de inovação brasileiro, buscando entender e disseminar as melhores práticas internacionais e nacionais. Além disso, com o seu amadurecimento, o comitê tem o objetivo de atuar junto às instituições e ao governo sobre legislações e regulamentações que facilitem o ambiente de investimento.
Esta pesquisa, que passará a ser anual, nasce como um capítulo da pesquisa The World of Corporate Venturing, seguindo a mesma metodologia e viabilizando desta forma comparação do Brasil com os demais países. “Os resultados de 2022 trouxeram importantes reflexões,
insights, confirmações e, principalmente, direcionamentos para impulsionar o ecossistema de CVC brasileiro, por meio de ações da ABVCAP e do comitê de CVC”, pontua o relatório.
Maioria das entrevistadas investe em CVC
A pesquisa fornece uma visão geral do panorama de Corporate Venture Capital no Brasil no ano de 2022, com base em respostas de 41 empresas, de diferentes tamanhos e setores. O Comitê acredita que os dados representam substancialmente o mercado de Corporate Venture Capital no Brasil, sendo possível mapear 34 unidades de CVC entre as 41 empresas respondentes.
A maior parte dos respondentes (82,5%) está sediada no Brasil, com as demais sendo multinacionais atuantes no país. Os setores mais representativos são: Industrial (manufatura, químicos, materiais avançados), Energia (geração, transmissão e distribuição), Saúde (farmacêutica, médico hospitalar, diagnóstico), Serviços (consultoria de negócios e jurídica, educação, turismo, imobiliária) e Tecnologia da Informação (hardware e software).
Grande parte dos CVCs são de indústrias tradicionais. De todas as empresas respondentes, cerca de 80% possuem uma receita líquida acima de R$ 1 bilhão. Aparecem de forma expressiva empresas com faturamento líquido anual de R$ 1 bilhão a R$ 5 bilhões (17%), de R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões (20%) e acima de R$ 100 bilhões (20%).
Estrutura societária própria
Das empresas entrevistadas, 82,9% possuem iniciativas de CVC, sendo majoritariamente (58,5%) realizadas por unidades de CVC com estrutura societária própria (fundos, SPEs ou offshores). Todas as empresas respondentes que ainda não possuem CVCs (17,1% do total) declararam que pretendem implementar um, principalmente por meio da contratação de consultorias especializadas (71,4%). O interesse reforça o cenário positivo para o mercado de CVCs.
O tamanho da verba disponível para investimentos em CVCs concentra-se sobretudo nas faixas de até R$ 50 milhões e entre R$ 200 milhões e R$ 500 milhões. Em comparação com a pesquisa de 2021, houve um aumento de 37,6 p.p. nos CVCs com mais de R$ 100 milhões e uma redução de 14,4 p.p. nos menores de R$ 50 milhões. “Pode-se constatar que a chegada de grandes fundos começa a alterar a dinâmica de CVC praticada anteriormente”, defende o estudo.
Somente 32,4% dos CVCs concentram todos os seus investimentos no Brasil. A maior parte (64,7%) investe em toda a América Latina.
Atenção a disrupções futuras
A principal motivação das corporações ao estabelecer programas de CVC, segundo os
resultados, é preparar-se para disrupções futuras (nota média 4,5/5) e criar novos negócios (nota média 4,4). O apoio a negócios existentes e o retorno financeiro foram classificados como igualmente importantes para os CVCs no Brasil, com nota média de 3,5.
O estudo também destaca uma percepção de preferência para o uso do CVC em assuntos estratégicos, mas com 85% dos programas declarando que existe relevância no resultado financeiro (notas 3 a 5). Outra prioridade citada foi o ESG, que corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização.