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Médias empresas mostram resiliência e querem investir

Pesquisa revela que, mesmo em um cenário quase sem crescimento, organizações mantêm atividades de forma positiva e uma parte planeja expansão

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por Redação 5 de setembro, 2024
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As médias empresas brasileiras enfrentam cenários desafiadores, mas demonstram capacidade de resiliência e disposição para investir. Analisando dados financeiros entre 2021 e 2023, o estudo mostrou que indústria e comércio regrediram em faturamento e lucro líquido no período, enquanto o setor de serviços, que corresponde à maior parte das empresas pesquisadas (46%), mostrou recuperação, em parte devido aos efeitos positivos do pós-pandemia.

Essas são algumas das conclusões da 3ª Edição do Radar de Mercado das Médias Empresas FDC (Fundação Dom Cabral), elaborado pelo Centro de Inteligência em Médias Empresas da instituição. O estudo adotou uma metodologia abrangente para analisar o desempenho econômico-financeiro das médias empresas no Brasil, entre os anos de 2021 e 2023. Foram analisadas 8.805 empresas com Receita Operacional Bruta (ROB) anual entre R$ 4,8 milhões e R$ 300 milhões (classificação do BNDES).

Organizações são um importante pilar nacional

As médias empresas brasileiras são um importante pilar da competitividade nacional. Estima-se que existam cerca de 74 mil organizações deste porte no Brasil atualmente, representando, aproximadamente, 0,89% dos empreendimentos do país. Apesar da participação relativamente pequena, as médias empresas são responsáveis por 18,62% de todos os empregos no país e por 25,14% de todos os salários pagos.

Os números mostram as dificuldades econômicas enfrentadas pelas médias empresas no Brasil, em parte devido a instabilidades políticas e oscilações nos cenários interno e externo. No universo pesquisado, os dados nominais revelam uma queda constante na média de receita líquida (R$ 78,3 milhões em 2021, R$ 74,7 milhões em 2022 e R$ 72,7 milhões em 2023), acompanhada por também redução de EBITDA médio (R$ 18,4 milhões em 2021, R$ 17,9 milhões em 2022 e R$ 16,5 milhões em 2023). Já o lucro líquido saltou de R$ 6,7 milhões em 2021 para R$ 8,8 milhões em 2022, mas caiu para R$ 7,7 milhões em 2023.

“Os resultados do Radar de Mercado FDC demonstram que as médias empresas brasileiras mostraram resiliência e capacidade de adaptação, em um período de considerável incerteza econômica. A queda na receita líquida foi acompanhada por esforços bem-sucedidos para manter margens operacionais e de lucro relativamente saudáveis. No entanto, a variação no lucro líquido sugere que os desafios não foram uniformemente superados, e que a sustentabilidade financeira dessas empresas requer atenção contínua e estratégias adaptativas”, diz o estudo.

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Indústria tem queda nos resultados

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Quando analisados sob a ótica dos setores, os resultados da pesquisa são variados. Em relação à indústria, houve uma certa estabilidade nos indicadores, mas com queda nos resultados. A receita líquida deste setor foi decrescente (em 2021 foi de R$ 88,46 milhões, caindo para R$ 81,68 milhões em 2022 e R$ 80,53 milhões em 2023). Já o “lucro líquido” destas empresas, em 2021, foi de R$ 7,27 milhões, subindo consideravelmente para R$ 11,42 milhões em 2022, antes de cair novamente para R$ 7,1 milhões em 2023. Esse comportamento pode indicar que, apesar de um ano particularmente positivo em 2022, as empresas enfrentaram pressões que afetaram sua lucratividade no ano seguinte, como aumento dos custos de insumos e despesas financeiras.

Expectativas para o comércio

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O setor de comércio enfrentou muitas dificuldades, apresentando uma redução constante na receita líquida ao longo dos três anos analisados: em 2021 foi de R$ 103,18 milhões, caindo para R$ 96,1 milhões em 2022 e para R$ 81,43 milhões em 2023. Essa redução de aproximadamente 21% ao longo do período indica um ambiente desafiador, possivelmente afetado por mudanças nos padrões de consumo e pressões inflacionárias.

Tanto o EBITDA quanto o lucro líquido seguiram o comportamento da receita líquida. O Lucro Líquido das empresas do setor de comércio também apresentou variações notáveis (caiu de R$ 5,99 milhões, em 2021, para R$ 3,63 milhões, em 2022, e permaneceu no mesmo patamar em 2023). Em termos de margem líquida, é o setor com os menores percentuais.

Crescimento no setor de serviços

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Ao contrário da indústria e comércio (e da amostra total), o setor de serviços, que  representa a maior parte (46%) das empresas consideradas no Radar, apresentou um crescimento contínuo na receita líquida durante o período analisado: R$ 59,77 milhões em 2021, R$ 59,03 milhões em 2023 e um aumento significativo em 2023, atingindo R$ 63,04 milhões. É bom lembrar que neste setor estão incluídas as médias empresas que mais sofreram no “lockdown”, como bares, restaurantes, hotéis, salões de beleza, escolas etc, e que retomaram com força suas atividades após a pandemia.

“Os resultados da área de serviços destacam um desempenho robusto, com aumento contínuo da receita líquida, acompanhado por um crescimento consistente do EBITDA e do lucro líquido, refletindo a contínua retomada do setor mais representante da economia brasileira e, principalmente, das médias empresas. Este desempenho positivo oferece um exemplo de como a flexibilidade e a capacidade de inovação podem impulsionar o crescimento e a sustentabilidade financeira das empresas”, diz o Radar.

Disposição para investir

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Em meio a avanços e recuos, o trabalho descobriu um aspecto bastante positivo dentre as médias empresas. A edição atual do Radar de Mercado 2024 introduziu uma importante inovação, com a inclusão dos dados do Índice de Confiança das Médias Empresas (ICME), que semestralmente avalia os planos de investimento dessas companhias. A pergunta central “Considerando o faturamento anual bruto do ano anterior, qual o percentual deste faturamento você pretende investir no negócio nos próximos seis meses?” proporciona insights sobre as intenções de investimento nos setores.

Observa-se um crescimento nas perspectivas de investimento das empresas do setor industrial, que passaram de 3,50% no 1º semestre de 2023 para 4,34% no segundo semestre. O setor de serviços também apresentou uma tendência similar de aumento, com as perspectivas de investimento subindo de 4,60% para 4,77% ao longo do ano. Por outro lado, o comércio registrou uma queda nas intenções de investimento, diminuindo de 3,83% para 3,15%. O total consolidado da amostra de médias empresas indicou um aumento geral, de 3,99% para 4,23% no mesmo período.

Entretanto, os dados mostram um crescimento significativo nos pedidos de recuperação judicial. Em 2021, foram 197 pedidos; em 2022, 214; e em 2023 houve um aumento drástico, para 331. Vários fatores explicam esse aumento. Por exemplo, as elevadas taxas de juros, que elevaram o custo das dívidas e diminuíram as margens de lucro das empresas, dificultando o acesso ao crédito. Mudanças nas regras de recuperações e falências contribuíram para esse incremento, mas deve-se ressaltar que a RJ é uma medida que, tomada a tempo, permite a efetiva recuperação das empresas.

Cenário ainda é demanda atenção

Apesar do quadro de “resiliência” destacado no início do Radar, sua conclusão adverte que “a combinação de queda no faturamento, EBITDA e lucro líquido, juntamente com o aumento nos pedidos de recuperação judicial, mostram um cenário, no geral, preocupante”.

“Essa realidade reforça a urgência de que as médias empresas utilizem instrumentos de gestão financeira, como o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE). É essencial também monitorar a saúde financeira por meio de indicadores além dos apresentados pelo Radar de Mercado”, destaca o relatório.




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