Automação de processos, apoio para criação de materiais, análise de planilhas, chatbots para atendimento ao cliente. Qualquer empresário no mundo se deparou com alguma possibilidade de uso da inteligência artificial que seria interessante para o seu negócio. No caso dos médios empresários, no entanto, esse excesso de possibilidades tem gerado também uma sensação de atraso. “Além dos desafios relacionados à conjuntura econômica, existem inúmeras tecnologias e inovações que geram insegurança. Esses cenários incertos levam as empresas a investir mais no curto prazo e menos em uma visão de longo prazo”, relatou Samuel Flam, vice-presidente da Ocemg, na última edição do Comitê de Presidentes Paex (Parceria Para a Excelência), agenda realizada trimestralmente em Belo Horizonte e São Paulo pela Fundação Dom Cabral (FDC). 

Segundo Flam, em momentos de incerteza, a inteligência artificial adiciona mais insegurança, mas não pode deixar de ser olhada como possibilidade. “Provavelmente, essa tecnologia será dominada pelas gigantes. As empresas menores podem contribuir pouco, exceto utilizando a IA para reduzir seus custos. No entanto, essa redução de custos pode oferecer uma alternativa de crescimento ao identificar melhores oportunidades de mercado”, alerta.

O professor da FDC Gustavo Donato reforçou na agenda o impacto da inteligência artificial e das tecnologias emergentes nas médias empresas. Segundo o especialista, é preciso que os médios empresários se dediquem a cenários em que as grandes empresas não entrarão. Além disso, segundo Donato, há alguns pontos que as organizações devem se atentar:

  1. Computação em Nuvem (Cloud Computing) para escalabilidade, redução de custos com infraestrutura e maior flexibilidade para gerenciar recursos de TI.
  2. Software de Gestão Empresarial (ERP) integrando diversos processos de negócios, como finanças, recursos humanos, vendas e manufatura, em uma única plataforma.
  3. Ferramentas que facilitam a comunicação, colaboração e produtividade, especialmente em ambientes de trabalho híbridos ou remotos.
  4. Automação de Processos Robóticos (RPA) que automatizam tarefas repetitivas e baseadas em regras, liberando os funcionários para se concentrarem em atividades mais estratégicas.
  5. Ciência de Dados e machine learning apoiando na tomada de decisão, análises preditivas, personalização de ofertas, automação de atendimento ao cliente e muito mais.
  6. Ferramentas de Marketing Digital para gerenciar campanhas de marketing, analisar dados de desempenho e otimizar o engajamento do cliente.
  7. Plataformas de E-commerce que permitem que empresas de médio porte vendam produtos e serviços online de maneira eficaz.
  8. Sistemas de Gestão de Relacionamento com o Cliente (CRM) capaz de apoiar no gerenciamento das interações com clientes, melhorar o atendimento e aumentar as vendas.
  9. Segurança Cibernética: crucial para proteger dados sensíveis e garantir a continuidade dos negócios.
  10. Internet das Coisas (IoT) que ajuda a monitorar operações em tempo real, gerenciar inventários e otimizar a cadeia de suprimentos.

Essas tecnologias aumentam a eficiência e competitividade, otimizam processos, fomentam crescimento e inovação. Segundo Donato, as empresas, principalmente as médias, precisam primeiro olhar para esses pontos, antes de se preocupar com o uso da IA. “É preciso fazer o básico bem feito”, reforça. 

Outro ponto reforçado por Donato é a segurança e a governança. “Usar inteligência artificial na pessoa física é infinitamente diferente do que usar na pessoa jurídica”, adverte ele ao reforçar a importância de uma boa gestão, o risco de usar ferramentas gratuitas que estão em alta e relevância de uma boa ciência de dados. 

Alexandre Gatti, superintendente na Ocemg, afirma que diante de desafios complexos, se faz fundamental que os médios empresários atuem em rede, compartilhando experiências, ampliando a visão estratégica e fortalecendo a capacidade de solução. “Estar em uma rede com experiências práticas de outras organizações é fundamental. Isso permite que as empresas se situem, vejam como superar os obstáculos e se desenvolvam. Os relatos e aprendizados dessa rede contribuem significativamente para o crescimento das empresas envolvidas e até impede investimentos desnecessários”, defende.

O Paex oferece, há 30 anos, essa rede aos seus integrantes. “Nosso foco é sempre responder às demandas do ambiente atual, proporcionando agilidade nas decisões e na identificação de oportunidades. Além disso, a troca de experiências entre empresas parceiras enriquece o processo, promovendo um ambiente de aprendizado contínuo e colaborativo. Esses executivos se sentem mais preparados para montar equipes de alta performance e implementar estratégias alinhadas a propósitos claros e impacto social, aumentando a competitividade e os resultados”, complementa Carlos Eduardo, gerente de projetos de Médias Empresas na FDC.