Os executivos de agronegócios apoiam a implementação da digitalização em seu segmento, mas o desafio é a transição em áreas funcionais isoladas. Essa é uma das conclusões da pesquisa Maturidade Digital nas Pequenas, Médias e Grandes Empresas do Agronegócio Brasileiro, realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC). O levantamento é fruto de um projeto colaborativo de pesquisa científica estabelecido entre a FDC e outras três instituições: Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), PUC Minas e Universidad Autónoma de Chile.
A pesquisa aponta que o agronegócio tem a vantagem de ter uma cultura baseada na transparência, cooperação e descentralização dos processos de tomada de decisão, o que facilitaria a jornada digital. Os executivos ouvidos no levantamento também reconhecem a importância da estratégia digital para a competitividade do agronegócio brasileiro, mas ressaltam a necessidade de alinhamento com toda a cadeia do agronegócio.
“Se a gestão de operações não estiver sincronizada, e cada elo conhecer o seu papel nessa estratégia, haverá rupturas”, destaca o relatório, recém lançado.
Três formas de promover o avanço digital no agronegócio
O documento lista ainda os três itens que mais merecem destaque na transformação digital do agronegócio brasileiro. O primeiro deles envolve questões mercadológicas e aponta que as empresas que participaram da pesquisa tenderam a responder que não estão criando um volume significativo por meio de canais digitais, principalmente entre as pequenas e médias empresas.
O segundo item que merece destaque é gestão de pessoas, apontado como o de menor classificação, considerando um grande impedimento para uma melhor implementação da maturidade digital nas organizações que responderam à pesquisa.
“Resumidamente, as pequenas, médias e grandes empresas do agronegócio não estão com especialistas em questões centrais relacionadas à transformação digital e não estão tomando medidas para fortalecer a alfabetização digital. Entre as pequenas e médias empresas, a gestão de pessoas é uma dificuldade ainda maior, demonstrando que não estão se preparando para o futuro”, explicam os especialistas.
O terceiro ponto crítico indicado no relatório é a gestão de operações. De acordo com os dados da pesquisa, as empresas responderam que não possuem recursos suficientes, sendo eles aqui considerados tempo, pessoas e orçamento, disponíveis para implementar a estratégia digital dentro da empresa.
Segundo o documento, ao comparar as pequenas e médias com as grandes, há um descompasso entre a maturidade de ambos os grupos. As médias e grandes empresas apresentaram desempenho superior às pequenas empresas em todas as dimensões de maturidade digital. Em função do quadro acima, os especialistas avaliam que as políticas públicas devem ser direcionadas ao investimento em maturidade digital das pequenas empresas.
A pesquisa, do tipo quantitativa, foi feita com 379 empresas, cujos executivos responderam a um questionário eletrônico.