A preocupação dos profissionais de RH com a saúde mental nas empresas é consensual: 99% de quem atua na área citam o tema, mas isso não se reflete na realidade. Somente 46% deles afirmam que suas corporações estariam adotando medidas efetivas para melhorar a saúde mental de seus colaboradores. E mais: somente 28% das companhias teriam políticas definidas para tratar de estresse e sobrecarga de trabalho. Os dados são da pesquisa qualitativa da Infojobs, que entrevistou 276 pessoas em outubro de 2024.

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A discussão foi ampliada pelo jornal Valor, que ouviu profissionais de RH sobre outros temas ligados à saúde mental, inclusive a pressão por produtividade e pela maior disponibilidade dos colaboradores. Um dos focos do debate, segundo a publicação, é o estresse e a sobrecarga. Essa última é considerada um problema complexo de ser abordado, mas que pode impulsionar a mudança de gestão das empresas que abraçarem a causa.

De acordo com especialistas ouvidos na reportagem, os resultados da pesquisa refletiriam a realidade de conscientização do tema dentro das empresas, mas também das poucas mudanças significativas em relação à saúde mental. Um dos desafios é que os programas focados nisso não estariam olhando para a causa raiz do problema, que envolveria sobrecarga de trabalho, ambiente tóxico e falta de segurança psicológica.

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No caso específico da sobrecarga, as indicações de melhoria do problema envolvem aperfeiçoamentos de gestão, como a transformação de reuniões em eventos mais eficientes e produtivos e a criação de agenda semanal, com blocos de hiperfoco. O uso da IA nas tarefas repetitivas é outra ação possível, ao lado da adoção de pausas e descansos para recuperar-se do estresse diário.

Outra informação surpreendente do levantamento é o salto no aumento de programas dedicados à satisfação e felicidade no trabalho: eles estavam presentes em somente 34% empresas na pesquisa de 2023, mas hoje 58% delas indica que têm algum tipo de iniciativa para atender aos dois fatores.