Pesquisa da Google Worspace mostra que 82% dos jovens líderes ouvidos usam a inteligência artificial no trabalho. No detalhamento, o estudo apontou que 93% da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e 79% dos Millenials (nascidos entre 1984 e 1995) usam duas ou mais ferramentas de IA semanalmente. Apesar da popularização dos recursos, algumas empresas impuseram restrições ao uso do ChatGPT, devido a preocupações com o uso indevido da ferramenta, o que é conhecido como “alucinações”, que é quando o recurso fornece respostas incorretas, enganosas ou inventadas.
As entrevistas foram realizadas pela Harris Poll, em nome do Google Workspace, abrangendo mais de mil trabalhadores entre 22 e 39 anos nos EUA. Todos já têm ou pretendem ocupar posições de liderança.
Uso em tarefas esmagadoras

Segundo matéria no site QUARTZ, especializado em notícias ligadas a negócios, tecnologia e liderança, a maioria dos entrevistados disse que usa IA para iniciar uma tarefa que parece esmagadora, melhorar sua escrita e fazer anotações. A maioria (86%) acredita que a IA pode ajudar os líderes a se tornarem melhores gerentes.
Além disso, 98% das pessoas pesquisadas acreditam que a IA terá um impacto em seu setor ou local de trabalho nos próximos cinco anos.
“O futuro do trabalho está aqui, e é alimentado por IA”, disse Yulie Kwon Kim, vice-presidente de produtos do Google Workspace. “Os líderes em ascensão não estão apenas defendendo a IA, eles estão implantando essa tecnologia de maneiras significativas, para desde melhorar a comunicação com os colegas até liberar tempo para o trabalho estratégico,” disse a executiva.
IA no trabalho tem divergências
Mas nem tudo é tão simples. O uso da IA se tornou um ponto de divergências no local de trabalho. Embora a IA generativa tenha se tornado uma ferramenta de escritório popular, com o ChatGPT, da OpenAI, se tornando a ferramenta de genAI mais usada para trabalho em todo o mundo, várias empresas baniram ou restringiram o chatbot.
No fundo do dilema está o fato de que os chatbots de IA podem agilizar o trabalho e ajudar os funcionários a realizar tarefas tediosas, como escrever e-mails ou revisar textos. Mas empresas poderosas, como o JP Morgan Chase e a Apple, impuseram restrições à tecnologia, alegando preocupação de uso indevido da ferramenta.
Frequência das “alucinações”
Em matéria veiculada no O Globo, pesquisadores mediram com que frequência as “alucinações” ocorrem. A startup Vectara, fundada por ex-funcionários do Google, esquadrinhou ferramentas de IA e constatou que as “alucinações’’ ocorrem entre 3% e 27% dos casos.
Simon Hughes, pesquisador da Vectara que liderou o projeto, explicou que sua equipe pediu para esses sistemas realizarem uma tarefa simples e direta, facilmente verificável: resumir artigos de notícias. Mesmo assim, os chatbots persistentemente inventaram informações.
A pesquisa mostrou que tecnologias da OpenAI, laboratório que criou o ChatGPT, tiveram a taxa mais baixa de “alucinação”, em torno de 3%. Os sistemas da Meta, proprietária do Facebook e Instagram, ficaram em torno de 5%. O sistema Claude 2, oferecido pela Anthropic, uma concorrente da OpenAI, ultrapassou os 8%. Um sistema do Google, o Palm chat, teve a taxa mais alta: 27%.
Como aperfeiçoar o chatbot
Segundo André Aizim Kelmanson, sócio da Grana Capital — uma fintech que lançou há pouco o aplicativo Grana IA, com foco em informações do mercado — é necessário um trabalho constante para fazer o modelo de chatbot entender que ele não precisa ser criativo quando não encontrar a resposta requisitada, e, assim, evitar a “alucinação”,.
O executivo de tecnologia Helbert Costa, autor do livro “ChatGPT Explicado”, aponta que as IAs generativas não foram desenhadas para serem factuais. Elas foram estimuladas a ter uma pitada de criatividade para tornar a interação mais real e humanizada. Portanto, seu grau de “alucinação” é grande porque ela é programada para dar respostas independentemente do nível de certeza e, para isso, usa analogias.
“Uma IA que detecta carros, por exemplo… quando exposta a algum tipo de imagem, identifica a mais próxima. Se tiver 27% de semelhança com uma caminhonete, vai dizer que é uma caminhonete”, explica. “Da mesma forma funciona para os textos. A IA pega as palavras que estão mais conectadas ao contexto e usa, ainda que a probabilidade seja de 2%”, acrescenta.