A Islândia é um país singular, cujo nome em inglês significa “terra do gelo”. Paradoxalmente, trata-se de uma nação também com vulcões e gêiseres. Tem quase o mesmo tamanho de Pernambuco, mas é infinitamente menos populosa: dados de 2022 mostravam a presença de pouco mais de 382 mil islandeses, contra os 9 milhões de pernambucanos.
Segundo a OCDE, a economia da Islândia é uma das que mais cresce, entre os 38 países que fazem parte dessa associação. O impulsionamento vem, entre outras coisas, do turismo. Com um mercado de trabalho apertado e o crescimento salarial robusto, os islandeses têm uma economia altamente igualitária.
Islândia prospera em inovação
Apesar de sua pequena população, o ecossistema tecnológico islandês prospera em inovação e infraestrutura. Combinado com a localização geográfica, que também oferece acesso a vastos mercados, o país escandinavo é um daqueles que deve ser acompanhado de perto como exemplo.
Lembrando: a Islândia está entre a América do Norte e a Europa, o que fornece acesso rápido a mercados de consumo expansivos.
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Na avaliação do site Tech Eu, que lista vários exemplos dessa pegada, os empreendedores, com mentalidade global devido ao mercado consumidor limitado da Islândia, se beneficiam de altas taxas de alfabetização e de uma força de trabalho tecnológica qualificada. Com isso, podem impulsionar uma mudança em direção à economia, particularmente em TI.
Entre os exemplos de empresas inovadoras, está a Controlant, especializada na transformação digital de cadeias de suprimentos farmacêuticas. A visão da empresa é entregar cadeias de suprimentos com desperdício zero por meio da digitalização, automação e transformação da cadeia logística.
Entre as características de sua plataforma inovadora está a concentração no fornecimento de visibilidade de ponta a ponta e insights acionáveis para produtos sensíveis à temperatura.
A CCP Games é outra empresa de perfil high tech. A desenvolvedora de videogames, mais conhecida por criar o popular jogo online EVE Online, oferece um universo complexo e dinâmico onde os jogadores podem se envolver em exploração espacial, gestão econômica e batalhas épicas.
As fintechs igualmente prosperam, como é o exemplo da Meniga, que desenvolveu soluções bancárias digitais projetadas para aprimorar o engajamento do cliente e melhorar o bem-estar financeiro.
A empresa oferece um conjunto de produtos inovadores, que alavancam análises de dados, insights personalizados e gamificação, para ajudar bancos e instituições financeiras a oferecerem uma experiência de usuário mais personalizada e envolvente.
Energia renovável
A cleantech Carbon Recycling International (CRI), por sua vez, é pioneira no campo de energia sustentável e tecnologia ambiental. As duas áreas são, aliás, segmentos fortes e de grande apelo da Islândia. No caso da CRI, a meta é transformar emissões de dióxido de carbono em metanol renovável, uma alternativa de combustível versátil e limpa.
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Para isso, ela aplica a tecnologia Emissions-to-Liquids (ETL), que captura CO2 de fontes industriais e o combina com hidrogênio renovável para produzir metanol, reduzindo assim as emissões de gases de efeito estufa e promovendo uma economia circular de carbono.
Também na área de energia, mas com outro direcionamento, a Dynamic Technology Equipment (DTE) está focada em tornar a produção de metais essenciais mais sustentável, segura e eficiente. As soluções da DTE capacitam os recicladores a maximizar o uso de alumínio reciclado, reduzindo emissões, consumo de energia e a dependência de alumínio primário.
A empresa desenvolveu uma tecnologia que produz insights para controle de qualidade dos metais de alta temperatura em menos de 60 segundos, a partir da amostragem. Sua tecnologia de sensor LP-LIBS também pode produzir esses insights de metais sólidos, em tempo real.
Geleiras movem hidrelétricas, mas fonte geotérmica também é relevante
A matriz elétrica renovável torna a Islândia outro exemplo inovador. Trata-se um país capaz de atingir quase 100% de energia limpa, com a fonte hidrelétrica sendo a força motriz por trás disso. Sua primeira hidrelétrica foi construída em 1904 e, hoje, essa fonte de produção representa 80% da energia total produzida na terra do fogo e do gelo. É a água das geleiras, que cobre 11% do território nacional, que abastece as usinas ativas em todo o país.
Com grandes instalações já em andamento e muitas outras — tanto hidrelétricas quanto de outra natureza — ainda a serem construídas, a Icelandic National Power Company tem planos que confirmam o investimento em renováveis. Na próxima década, a construção do maior projeto de energia eólica do país começa a ganhar forma. É o parque Búrfellslundur, onde até 30 turbinas eólicas serão instaladas perto do Monte Vaðalda.
E mais: por ser um país de fontes geotérmicas importantes, a Islândia tem iniciativas de destaque, entre elas a usina geotérmica de Svartsengi, que fornece calor e eletricidade para cerca de 30 mil pessoas. O espírito inovador também trabalha com a possibilidade de eventos extremos. No caso da usina, as autoridades ordenaram a construção de uma barreira com aterros de proteção, além da escavação de trincheiras.
As ações de proteção seriam uma forma de avançar na produção de energia limpa e desenvolvimento econômico, respeitando os limites da natureza. Ou seja, um resumo da Islândia como nação.