No final do século 20, a internet ainda dava seus primeiros passos. Naqueles tempos de conexões discadas, ninguém tinha ideia no que a rede se transformaria em pouco mais de uma década: e-commerce, vídeos por streaming, redes sociais, aplicações e tecnologias que alteraram para sempre os negócios e a vida das pessoas.
Nos últimos anos, vivemos um cenário parecido: tecnologias emergentes surgindo com potencial de uma nova revolução – numa quantidade e diversidade talvez inédita na história da humanidade.
Como será esse novo mundo?
Ninguém tem ideia.
O atual estágio de desenvolvimento de tecnologias como Metaverso, inteligência artificial generativa, internet das coisas, blockchain, 5G, Edge computing, entre outras, em uma nova composição da Web 3.0, não nos permite vislumbrar os negócios que serão criados ou os nichos de mercado que serão abertos. Estamos na iminência de uma grande transformação.
Mas há uma certeza: as inovações que irão provocar novas revoluções nos negócios e na vida das pessoas serão desenvolvidas pelas empresas que aceitarem o risco e a incerteza – e trabalharem em cima dele.
Mirando o que não podemos ver
Quando uma nova tecnologia surge, começa a ser usada dentro do contexto conhecido. O cinema, assim que foi criado, passou a ser um meio de expandir o público do teatro. Uma câmera era posicionada em frente ao palco e gravava o espetáculo, que poderia ser reproduzido em salas de cinema no mundo todo.
Demorou alguns anos para que o ilusionista George Meliés tivesse o vislumbre que criaria a linguagem cinematográfica: o corte entre as imagens que permitiu que a história se desenvolvesse em vários locais e com variações temporais.
Quando as tecnologias emergentes surgem, elas costumam ser empregadas para melhorar processos e atividades existentes. O jogo Second Life, que muitos apontam como precursor do Metaverso, foi uma tentativa de levar para o mundo virtual as interações do mundo real. Falhou por não oferecer uma experiencia realmente imersiva, interessante e inovadora.
Hoje, utilizamos a inteligência artificial para realizar algumas atividades executadas pelas pessoas. Mas ainda não vislumbramos um uso realmente inovador.
Claro que essas tecnologias têm o potencial de aumentar a eficiência dos processos. Mas precisamos encará-las como criadores de novos negócios – negócios que ainda não existem, mas que serão criados à medida que nosso entendimento sobre essas tecnologias aumente.
É por isso que as empresas que quiserem ser vencedoras nos próximos anos não podem esperar pela maturação dessas tecnologias para adotá-las. Na verdade, devem testar estas tecnologias em projetos-piloto, para comprovar hipóteses e gerar conhecimento sobre seu potencial, habilitando seus colaboradores e departamentos para sua adoção.
Os executivos precisam de fato conhecer essas tecnologias. Como? Conhecendo o que empresas de outros setores estão fazendo com elas. E, claro, experimentando casos de uso que se aplicam em seu negócio.
É um desafio difícil, que deverá contar com práticas de inovação aberta e muito empreendedorismo, que trará conhecimento e maturidade de aplicações para as grandes empresas, e que certamente deve ser realizado o quanto antes.
E você, está fazendo algo para transformar o futuro?
* Roberto Celestino é head de Inovação da NTT DATA.