A XP Empresas encontrou nas pequenas e médias organizações uma oferta focada para atender a uma fatia pequena, mas representativa do setor financeiro. E confirmou que as mais frequentes inovações são incrementais. Disse também ser a favor de jornadas voltadas para nichos. Vamos explicar: no Brasil, apenas cerca de 5% dos investimentos ocorrem via instituições financeiras independentes. O restante fica concentrado nos cinco grandes bancos. “Entendemos que, dentro dessa possibilidade, havia espaço para conectar quem produz com quem investe, criando um ecossistema que une assessores de investimentos com conteúdo institucional forte”, resumiu Rodrigo Moreira, Sócio e Head da XP Empresas.

Moreira foi palestrante do 7° Fórum Anual de Governança e Gestão da Fundação Dom Cabral, realizado nesta semana no campus Aloysio Faria, sede da instituição em Nova Lima (MG). Ele revelou que, por esse propósito, a XP Empresas atua diferente dos grandes bancos, ocupando um espaço que estava disponível e com um volume de clientes interessante, geralmente pequenas e médias empresas.

“Por todas as suas histórias centenárias, os grandes bancos contam com o diferencial de uma estrutura de capital que permite que ofereçam volume e custos em geral mais competitivos que novos entrantes. Com isso, provocam mais reciprocidade de seus clientes na contratação de seus outros serviços financeiros. Contudo, nem todas as empresas precisam de crédito. Em geral esse público é mais exigente, e tende a não ser bem atendido pelas instituições. Além disso, quando o cliente corporativo perde a capacidade de tomar crédito, sua principal fonte de relacionamento com o banco seca, e com ela todo o restante do relacionamento. Não é uma venda dos serviços. É uma troca.”, explicou.

A lacuna encontrada pela XP Empresas foi justamente as empresas que têm capital para investir e se utilizam de outros serviços financeiros, não apenas crédito. “Hoje, já temos 63 mil clientes desse perfil e R$ 80 bilhões em custódia. Até 2025, queremos quadruplicar esse volume e nos tornar top of mind desse público”, revelou.

Histórico da longevidade

Rodrigo Moreira conta que conheceu a XP antes mesmo dela existir. “Eu conheci o Guilherme Benchimol em uma empresa que trabalhava. ‘’Eu vi a empresa nascer, mas não pude ir com o Guilherme, quando ele saiu para fundar a XP. Eu estava me casando e estava empregado”, lembrou.

Mais recentemente, em 2019, Moreira decidiu criar um fundo de investimentos para pequenas e médias empresas – já visualizando cumprir a lacuna explicada no início deste texto – e foi convidado a fazer isso na XP. “Foi assim que nasceu a XP Empresas”, resumiu.

Avaliando a XP como uma empresa longeva, que está há 20 anos no mercado e em crescimento médio anual acima de dois dígitos, Moreira entende que a capacidade de gerar produtos e serviços inovadores – como a XP Empresas, que ele coordena – é uma das características comuns às companhias que sobrevivem e se destacam.

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Rodrigo Moreira | Foto por: Homero Xavier/FDC

Outras características que costumam ser encontradas nas empresas que permanecem relevantes em seus mercados são a capacidade de atrairá e reter talentos e sustentar uma cultura forte e cultura.  “Se não houver capacidade de selecionar, motivar e reter as melhores pessoas, os negócios dificilmente serão duradouros”, disse. Além disso, empresas longevas costumam ter cultura forte, que retroalimentam a motivação das pessoas.

Sobre o ambiente inovador, ele diferenciou a Inovação progressiva e a incremental, exaltando a segunda. “Quando se fala em inovação, pensa-se muito na disruptiva, como fizeram Uber, Netflix e outras companhias. Porém, a maior parte das inovações nas empresas são incrementais. As chamo de inovações sistêmicas, realizadas recorrentemente e em maior volume, e entendo que são elas que tornam as empresas longevas”, pontuou.

Assim como outros especialistas presentes no Fórum da Fundação Dom Cabral, o especialista da XP Empresas avalia que inovação não é invenção e assim define que, “para haver inovação, é preciso que a novidade gere valor para o cliente”. Em outras palavras, a inovação só acontece se fizer sentido, se estiver curando determinada dor do cliente. “Isso está ligado ao developed mindset”, explicou.

Com as mudanças cada vez mais velozes nas sociedades, Moreira acredita ser constante a necessidade de inovação incremental e cita a própria XP como exemplo, avaliando que a empresa se reinventou várias vezes ao longo de sua trajetória. “Para a atualização constante das companhias, precisa ter tecnologia afinada. A TI não pode ser mais uma área à parte dos negócios. Aliás, não deve mais existir área de TI, pois ela, hoje, é enabler, é o centro da maioria dos negócios que conhecemos”, conclui.