A terceira edição do Índice de Confiança das Médias Empresas (ICME®), da Fundação Dom Cabral, mostrou uma percepção de queda de confiança por parte dos empresários, diante das incertezas políticas e sociais do país. Mas, apesar do recuo de 3,2 pontos nesta taxa, é importante ressaltar que houve um avanço de 1,4 ponto nas expectativas positivas para os próximos seis meses.
“O empresário brasileiro, em geral, é otimista, pois mesmo percebendo um ambiente atual pouco favorável para os negócios, acredita na força da sua empresa e de suas estratégias, e tem um olhar mais confiante para o futuro”, analisa Áurea Ribeiro, professora da Fundação Dom Cabral (FDC). Em sua avaliação, todos os setores preveem uma melhoria nas perspectivas futuras: comércio (+2,2 pontos) e serviços (+1,9 ponto), enquanto na indústria é menor (+0,5 ponto).
Setor de serviços é o mais confiante

No entanto, apesar das boas perspectivas para os próximos meses, os resultados da última pesquisa por setor, divulgada no final de abril, mostram um recuo da confiança dos empresários atuantes na indústria, com o ICME®, variando 4,3 pontos. Para o setor comércio,a redução da confiança variou 2,9 pontos e em serviços, 2,0.
A queda menor no setor de serviços reflete a grande diversificação do segmento, além da maior presença dos serviços na economia e de um tempo mais longo para que o setor seja afetado por flutuações no ambiente econômico e empresarial.
De qualquer forma, nesta última edição da pesquisa a confiança do empresário de médio porte recuou para 41,6 pontos, com redução de 3,2 pontos na taxa de confiança, em relação ao segundo semestre de 2022. Os detalhes da pesquisa podem ser conferidos no e-Book exclusivo, elaborado pela Fundação Dom Cabral. Os dados foram coletados entre 6 de fevereiro e 6 de março deste ano junto a 1.513 empresas brasileiras de médio porte.
Comércio deve buscar estratégias para se recuperar

Com o baixo nível de confiança atual, as empresas brasileiras de médio porte temem a redução de 0,86% dos postos de trabalho nos próximos meses. O setor de comércio é o que deve apresentar maior redução, com variação negativa de 1,2%. Com essa redução de postos de trabalho é importante que o segmento busque estratégias para retomar os patamares anteriores, mantendo a confiança dos empresários.
Vale destacar que o ICME® deve ser usado como um termômetro do nível de investimentos no crescimento do negócio que seus clientes, parceiros e competidores estão projetando para os próximos meses. O intuito é justamente equilibrar as estratégias e perspectivas da empresa ao padrão observado nas demais empresas de médio porte.
“Um gestor que pensa em aumentar investimentos e que está projetando uma perspectiva positiva para sua empresa, enquanto o mercado sinaliza cautela, pode rever o seu posicionamento ao entender que está adotando uma postura demasiadamente arrojada, na contramão do mercado. Por outro lado, um gestor que está reduzindo investimentos por projetar baixas taxas de crescimento para o seu negócio em um cenário no qual o ICME® está em ascensão pode refletir se não seria o momento de ser mais ousado”, comenta Áurea.
Confira os resultados regionais

Os resultados regionais demonstram que o menor recuo da confiança foi registrado na região Centro-Oeste, com ICME® alcançando 41,8 pontos, uma redução de 0,4 ponto que indica uma estabilidade em relação à última edição.
Na região Sudeste, o ICME®, alcançou 43,2 pontos, representando um recuo de 2,0 pontos. Na região Norte, o Índice segue baixo, com 39,7 pontos, um recuo de 2,2. Aliás, no primeiro semestre de 2023, a região sudeste voltou a apresentar o maior índice de confiança, demonstrando que os executivos atuantes em empresas locais de médio porte apresentam menor grau de desconfiança em relação à economia e aos negócios.
Uma das maiores reduções da confiança empresarial ocorreu na região Nordeste, com o Índice alcançando 43,0 pontos, indicando um recuo de 3,4 pontos. Entretanto, a maior redução da confiança ocorreu na região Sul, com ICME®, alcançando 39,5 pontos, um recuo de 4,0 pontos.
O levantamento também revela uma avaliação mais pessimista das empresas localizadas no Sul do país, especialmente em relação às regiões Sudeste e Norte. Mesmo com estes resultados, as expectativas futuras avançaram em todas as regiões, especialmente no Centro-Oeste (+5,2 pontos), Sudeste (+2,4 pontos), Sul (+1,4 ponto) e Norte (+1,3 ponto). Ao contrário das demais regiões, no Nordeste os empresários esperam uma redução das expectativas futuras, que na edição anterior estavam em patamares mais elevados.