O Brasil mantém a 57ª colocação no Anuário de Competitividade Digital 2024, divulgado pelo IMD World Competitiveness Center, em parceria com o Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC). A pesquisa analisou 67 países, sob a perspectiva da “capacidade de adoção e exploração de tecnologias digitais que levam à transformação nas práticas governamentais, nos modelos de negócios e na sociedade em geral”.

Para a classificação quanto ao nível de competitividade digital, o estudo baseia-se em três fatores principais: (1) conhecimento, (2) tecnologia e (3) prontidão para o futuro. Como subfatores estão, ainda, o desenvolvimento e atração de talentos; a capacidade de pesquisa e desenvolvimento para promover inovação; a infraestrutura tecnológica; o capital de investimento; as atitudes adaptativas; a agilidade na resposta à ameaça emergente e no aproveitamento de oportunidades; e a integração de TI na administração pública.

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Nesta edição, Singapura conseguiu o melhor aproveitamento dos pontos citados anteriormente. Nos quesitos conhecimento e tecnologia, o país ocupou a segunda colocação geral. Já no tópico de prontidão para o futuro, alcançou o primeiro lugar.

Visão geral do Ranking de Competitividade Digital

PosiçãoPaísPosição por fator
TecnologiaConhecimentoProntidão para o futuro
Singapura
2º Suíça
3º Dinamarca
4º EUA
5º Suécia
6º Coreia do Sul
7º Hong Kong15º
8º Países Baixos
9º Taiwan19º19º
10º Noruega17º17º10º
57º Brasil56º56º53º
58º Colômbia55º55º49º
59º México58º58º55º
60º Botswana49º49º62º
61º Filipinas64º64º58º
62º Argentina61º61º47º
63º Peru63º63º60º
64º Mongólia62º62º64º
65º Gana66º66º65º
66º Nigéria65º65º
67º Venezuela67º67º
Fonte: adaptado de IMD World Digital Competitiveness Ranking 2024

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Um olhar aprofundado para o desempenho brasileiro na pesquisa revela as melhores performances do país no total de gastos públicos em educação (7º), na produtividade em pesquisas de P&D (7º), no uso de smartphones (14º), no investimento em telecomunicações (14º) e nas políticas de inteligência artificial aprovadas por lei (9º).

No que diz respeito à educação – que figura na área de conhecimento – , o diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC), Hugo Tadeu, ressalta que o volume de recursos investidos no setor não reflete a qualidade dos investimentos. Em sua visão, as colocações na parte inferior do ranking, nos quesitos de habilidades tecnológicas e digitais, bem como nos de conquista em ensino superior, são indicativos para que se tenha um aproveitamento melhor desses gastos na formação de pessoas, o que, por sua vez, fará com que empresas, escolas e universidades performem melhor. “O sinal que o relatório nos traz é que o Brasil gasta muito, mas não qualifica de maneira adequada”, constatou Tadeu. 

No quesito tecnologia, o diretor chamou a atenção para dois pontos. O primeiro trata da dificuldade que o mercado brasileiro enfrenta na criação de negócios. Ele se utiliza das colocações em 64º lugar em financiamento para desenvolvimento tecnológico e em venture capital para explicitar a dificuldade que o Brasil enfrenta na agenda de redução de custos. A exportação high-tech rendeu ao país a 44ª colocação, o que demonstra que “temos poucas empresas que têm gerado e exportado conhecimento. Isso nos traz uma ótica do quanto nós somos fechados para esses assuntos e do quanto deveríamos ter uma abertura maior para essa pauta”.

Por fim, no âmbito da prontidão para o futuro, a conclusão é de que as empresas brasileiras são pouco ágeis, no sentido de ainda não serem estruturas de negócios que respondem à adoção das tecnologias digitais. A 7ª pior colocação no uso de big data e analytics corrobora a ideia, ao expor como a qualificação e tratamento de dados, considerados atributos básicos por Tadeu, ainda são empecilhos para as empresas. Por fim, a 59ª posição em cibersegurança retrata a vulnerabilidade oriunda de uma deficiência em agilidade, infraestrutura e investimento nas organizações. 

“Em linhas gerais, o que o relatório nos traz, enquanto perspectiva, é que o mundo surfa uma onda de inteligência artificial e de tecnologias, mas se não houver uma agenda de estruturação e uma agenda de investimento em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, e de pessoas, a tendência é de continuarmos nessas colocações, que não são bem quistas para um país do tamanho do Brasil”, concluiu Tadeu.