O celular é, muitas vezes, o único dispositivo de acesso à internet para grande parte da população. Porém, a política tarifária das operadoras e outros fatores podem estar criando uma geração de “excluídos digitais conectados”, para os quais a internet se restringe a poucos apps, principalmente de mensagens e redes sociais. O anúncio do CEO do Google, Sundar Pichai, de que o buscador fornecerá suas próprias respostas geradas por IA, sem que o usuário acesse a fonte das informações, agrava as preocupações de executivos de mídia e produtores de conteúdo.
Em um artigo da BBC focado em mudanças no algoritmo do Google, editores e criadores já apontam problemas com respostas incorretas e violação de direitos autorais. O texto descreve histórias de empreendedores em conteúdo investigativo ou técnico, que viram seu tráfego cair, em favor de sites que aglutinam conteúdo gerado pelos próprios usuários, os quais passam a ficar no topo das buscas.
No anúncio de lançamento do chat com IA embutido no Whatsapp, Alex Winetzki, diretor de P&D da Stefanini e CEO da Woopi, disse à coluna de Helton Gomes: “a quantidade de dados para treinamento que pode existir está exaurida, dado que todo mundo já fez uma varredura da internet. Também começa a ter cada vez mais restrições, principalmente por parte dos grandes geradores de conteúdo. Mesmo OpenAI, Google e Microsoft têm dificuldade de conseguir maior volume de dados. A Meta, com 2 bilhões de usuários diariamente criando interações extremamente humanas, vai poder buscar textos, interlocuções, gírias, coisas difíceis de encontrar”.
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A BBC menciona que o Google controla mais de 90% do mercado de buscadores. Outra reportagem do mesmo site descreve uma batalha judicial de 15 anos, que acabou em uma multa recorde de € 2,4 bilhões, por danos decorrentes de uma penalização indevida do algoritmo.
Em relação aos novos critérios de ranqueamento nas buscas, representantes do Google argumentam que tentam se defender de sites que buscam explorar inadequadamente o peso do buscador na geração de tráfego. Ou seja, páginas extremamente focadas em SEO fariam com que seja mais rentável “agradar” o algoritmo do que entregar conteúdo útil às pessoas.
Em matéria sobre o ganhador do prêmio Nobel de Física de 2024, Geoffey Hinton, a revista PEGN menciona que o pesquisador deixou seu emprego no Google, onde trabalhou por mais de dez anos, e disse ter tomado essa decisão para falar livremente sobre os riscos da inteligência artificial.