Com um PIB per capita anual de cerca US$ 3,5 mil, e considerado um país com uma economia relativamente pequena na Ásia, o Butão adotou uma estratégia mais ampla para definir os seus objetivos do desenvolvimento. O happytalism (ou Felicidade Interna Bruta) avalia as dimensões de saúde; uso do tempo; educação; vitalidade; cultura; meio ambiente; padrão de vida; bem-estar e governança. Para esclarecer esses temas, com ênfase na felicidade no ambiente de trabalho, o ex-ministro da educação do Butão, Thakur S. Powdyel, veio à Curitiba, em novembro, para o evento Felicidade Exponencial – 1º Lab Internacional de Felicidade e Colaboração. O encontro contou também com Luis Gallardo, formulador do conceito de Happytalism e presidente da World Hapiness Foundation, co-promotora do evento.
“Precisamos entender que a felicidade não é um luxo, mas uma necessidade que deve ser contemplada em qualquer ambiente profissional. Funcionários felizes são mais dedicados, mais criativos e, por consequência, mais produtivos”, afirmou Powdyel à revista Exame. “Líderes têm o poder de transformar. Eles podem e devem criar condições para que os trabalhadores se sintam valorizados, possam crescer pessoal e profissionalmente, e tenham um ambiente onde o sucesso do indivíduo seja tão importante quanto o sucesso da organização”, acrescenta.
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“Quando as pessoas têm medo, entramos em modo de sobrevivência, e isso não é bom para ninguém, porque, no final, você se defende, se fecha e perdemos a oportunidade de expansão, que é a verdadeira natureza do ser humano”, disse Gallardo, em entrevista à Exame.
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Ele conta que esse direcionamento começou ainda nos anos 1990. “Atuava como observador internacional da ONU representando a Espanha, e fui até a Iugoslávia para acompanhar os impactos de um conflito. Essas comunidades decidiram usar ódio e medo para agitar a consciência das pessoas, tanto que sete milhões foram executadas naquele ano. Vi pessoas que tinham perdido tudo, família, bens materiais, mas que ainda tinham a esperança de viver em paz e de serem felizes um dia”, lembra.
Depois disso, trabalhou junto ao governo do Butão, que levou o conceito da Felicidade Interna Bruta para as escolas, e em 2019 fundou a organização. Ele contribuiu na criação do Dia Internacional da Felicidade, celebrado em 20 de março em mais de 190 países, e se tornou diretor do programa Gross Global Happiness, na Universidade para a Paz das Nações Unidas. Neste ano, Gallardo lançou o livro Happytalism: a new system for a world of hapiness.
“Em vez de focar apenas na acumulação de capital, fama, poder e dinheiro, o Happytalism coloca a felicidade, o bem-estar e a harmonia no centro das decisões e ações humanas, inclusive no mercado de trabalho”, resume.