O segundo governo de Donald Trump pode “enterrar” a agenda ESG, segundo John Authers, colunista da Bloomberg, em artigo recente. Para o articulista, o tema já estaria em terreno crítico nos Estados Unidos. A mesma agência indica que estaria havendo uma venda de ativos ligados a energias renováveis desde a confirmação da vitória do republicano. A queda das ações envolveria toda uma cadeia, incluindo fabricantes de tecnologia para geração solar e eólica. 

Dados da Folha de S. Paulo reforçam a visão negativa da agenda ESG pelo partido rebublicano. Repercutindo informações da Bloomberg, as iniciativas de responsabilidade social, ambiental e de governança seriam “woke”, termo que, para a ala conservadora do mundo, é pejorativo. Literalmente significa acordado e, na raiz de sua origem, representa estar desperto para as injustiças sociais. 

Apesar disso, a mesma publicação mostra que a desaceleração das pautas ESG pode ter resistência, inclusive dos próprios republicanos, pois muitos setores dos Estados Unidos estão sendo beneficiados com a Inflation Reduction Act (IRA), lei aprovada em 2022, que trouxe créditos fiscais para todas as áreas, desde veículos elétricos a painéis solares. E um dos beneficiados é a Tesla, empresa icônica de Elon Musk, um dos apoiadores mais destacados de Trump, recém-nomeado para a liderança do Departamento de Eficiência do Governo.

Novo governo deve desacelerar o combate às mudanças climáticas

O possível abandono da agenda climática no governo Trump também pode afetar as empresas brasileiras, na avaliação de Heiko Spitzeck,  gerente do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral e professor especializado nessa área. Segundo ele, o novo governo estadunidense deve “abandonar o máximo possível os acordos climáticos, como o acordo de Paris, e isso causará uma desaceleração nas iniciativas globais de combate às mudanças climáticas”.

A opinão de Spitzeck foi defendida em artigo publicado na revista Época Negócios. Para ele, o posicionamento de Trump pode influenciar empresas brasileiras que têm se alinhado a padrões ESG, especialmente em setores como agricultura, energia renovável e mineração. 

O professor da FDC argumenta, ainda, que se o foco do segundo governo Trump for menos voltado para práticas sustentáveis, empresas brasileiras que buscam financiamento ou parcerias internacionais podem ser afetadas. Isso aconteceria em função da dificuldade para reduzir o custo de capital em organizações que investem em tecnologias verdes, justamente para evitar emissões. 

Spitzeck destaca ainda a postura de Trump e seus aliados contra os organismos mundiais multilaterais e a tendência protecionista, resumida no lema America First.