O mercado de tecnologia se deparou, no início de fevereiro, com o anúncio da Meta – proprietária do Facebook, Instagram, Messenger, WhatsApp e outros – sobre a demissão de quase 5% de sua força de trabalho, cerca de 4 mil pessoas. A alegação da empresa foi de que os dispensados tinham desempenho abaixo do esperado. O mercado, porém, desconfia que os desligamentos não se relacionaram à qualidade do trabalho, mas à extinção de vagas, que estariam sendo substituídas por Inteligência Artificial.
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, já havia dito anteriormente que “funcionários virtuais” estarão em todas as empresas ainda em 2025. Eles são agentes de IA treinados para desempenhar funções específicas, com alta performance. Segundo nota publicada no site .StartSe, voltado para a educação de executivos, esses trabalhadores podem ser vendedores, atendentes, programadores e redatores, por exemplo. Os funcionários virtuais desempenhariam papéis de forma até melhor que os humanos, o que levaria ao risco de substituição, com a consequente extinção de vagas.
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Qual é o futuro do trabalho?

O texto diz que as demissões na Meta acendem um alerta: o futuro do trabalho não é só sobre desempenho, mas sobre a substituição de funções por Inteligência Artificial. O que os profissionais podem fazer para se preparar contra este cenário? O “antídoto” seria o investimento em “conhecimento”. “Todos nós precisaremos passar por um processo de requalificação. Seremos mais orquestradores do que fazedores de tarefas”, diz a nota.
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O receio de demissões, com consequente extinção de vagas, está em discussão no mercado nos últimos anos. Relatório da Goldman Sachs já mergulhava, em 2023, neste universo, apontando que até 300 milhões de empregos em tempo integral em todo o mundo podem ser automatizados, devido à ação da IA. O relatório previa que 18% do trabalho poderia ser informatizado, com efeitos sentidos em maior escala nas economias avançadas do que nos mercados emergentes.
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Riscos para funcionários de escritório

Segundo matéria publicada pela CNN Brasil, o quadro de substituições previsto pela Goldman Sachs diz que há mais risco para funcionários de escritório do que para os trabalhadores braçais. O relatório diz que trabalhadores administrativos e advogados, por exemplo, seriam os mais afetados, em comparação com o pequeno efeito observado em ocupações fisicamente exigentes ou ao ar livre, como construção e reparos.
Já matéria publicada no site da Exame aponta que, de acordo com pesquisa realizada em 2024, três em cada quatro profissionais brasileiros acreditam que a IA poderá substituir seus empregos. O estudo foi feito pela Page Interim, unidade de negócio do PageGroup, especializada em recrutamento, seleção e administração de profissionais terceirizados e temporários. De acordo com a pesquisa, 76,6% dos brasileiros entrevistados creem que a IA afetará parcialmente os postos de trabalho na área em que atuam. Também acreditam nessa possibilidade os entrevistados do Panamá (69%), México (68%), Peru (66%), Colômbia (65%), Chile e Argentina (63% cada).
Cenário também traz benefícios
A Page Interim acredita, porém, no reverso da moeda, ou seja, a IA pode trazer tanto riscos quanto benefícios ao mercado de trabalho. Quando questionados sobre o uso da IA dentro de sua área de atuação, 61,5% dos profissionais de todos os países destacaram que a tecnologia apresenta riscos significativos, mas tem potencial para ser benéfica.
“O uso da inteligência artificial não está revolucionando apenas a forma como as pessoas lidam com a tecnologia, mas também abrindo novas oportunidades no mercado de trabalho. Novas posições devem surgir e outras já estão sentindo os reais impactos que a IA traz logo de cara”, afirma Victoria Quintella, diretora da Page Interim.