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Gestão pública
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Impacto positivo e legados sustentáveis
A Europa vai decidir em breve se tornará públicos os salários de todas as pessoas, medida que pode reduzir a diferença salarial entre homens e mulheres, segundo reportagem da revista norte-americana Wired. O movimento vem sendo capitaneado por personagens como Manchester Francesca Lawson e seu parceiro e desenvolvedor de software Ali Fensome. Eles administram uma conta de Twitter chamada GenderPayGapBot. Por meio dela, os dois têm apontado disparidades entre discurso e realidade quando se trata de igualdade de gênero.
Eles mostraram, por exemplo, que a consultoria de gestão McKinsey paga às mulheres 22,3% menos do que aos homens. A fintech GoCardless também foi exposta pelo GenderPayGapBot, que apontou que a startup remunera as mulheres 20% a menos. E o processo se repetiu em relação à várias outras corporações, trazendo à tona o conceito de transparência salarial e como ele pode ser usado como uma ferramenta a favor da redução da desigualdade de vencimentos entre os gêneros. “Apesar dos trabalhadores exigirem melhores condições de trabalho, flexibilidade e benefícios, a transparência salarial é o bastião final do trabalho equitativo”, avalia a reportagem, com base na conversa com especialistas.
Transparência salarial pode mudar regras no recrutamento
No caso da Europa, o processo de reduzir esse gap pode estar começando com a iniciativa de mostrar quanto todos ganham em salários. E não faltam razões: além de ter uma disparidade salarial entre homens e mulheres de 14%, a União Europeia viu a situação piorar na pandemia.
De acordo com Christian Wigand, porta-voz da Comissão Europeia, a pandemia reforçou as desigualdades de gênero e colocou as mulheres em maior risco de pobreza. O remédio contra essa realidade já está sendo pensado e pode envolver algumas ações como a exigência que os empregadores forneçam faixas salariais nos anúncios de emprego e o banimento de perguntas sobre o histórico salarial.
Outras iniciativas de transparência salarial incluem o direito dos funcionários de solicitar informações sobre os níveis salariais, além da imposição às empresas que empregam mais de 250 pessoas a publicar seus dados sobre diferenças salariais entre homens e mulheres. As regras poderão incluir ainda sanções para as empresas que pagam menos aos que os funcionários. No início de dezembro de 2019, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von Der Leyen, prometeu entregar a diretiva em 100 dias, e demorou pelo menos quatro vezes esse tempo devido à pandemia, mas o Parlamento e o Conselho podem estar decidindo um resultado e legislando isso em breve.
A transparência salarial imposta pode ajudar a reduzir drasticamente a disparidade salarial entre homens e mulheres, de acordo com pesquisa da HEC Paris Business School. Os pesquisadores descobriram que, ao longo de duas décadas, a transparência radical, por meio da qual os salários de todos os 100.000 acadêmicos participantes foram publicados on-line para acesso universal, reduziu a diferença salarial entre homens e mulheres em até 50%.