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Na maioria dos casos, a construção de uma marca pessoal acontece naturalmente, como fruto de um conjunto de atitudes, pensamentos e da forma de se relacionar com o mundo. Mas a matéria de capa da revista Harvard Business Review deste mês mergulha neste universo, ensinando como construir ativamente uma marca pessoal, necessária para o sucesso profissional e até amoroso.
Em um cenário cada vez mais competitivo, a ascensão das mídias sociais e das buscas online tornou ainda mais importante cuidar da imagem, numa prática estratégica na qual se define e se expressa valores pessoais de forma proativa.
O artigo é assinado por Jill Avery, conferencista sênior de administração de negócios e professora de marketing na Harvard Business School; e Rachel Greenwald, coach de encontros pessoais, amorosos e profissionais, além de membro-executiva da Harvard Business School.
As autoras argumentam que costumamos pensar que estamos em total controle de nossa marca pessoal, mas esse raramente é o caso. E citam Jeff Bezos, fundador da Amazon, autor da definição: “Sua marca é o que as pessoas falam de você quando você não está na sala”.
Cuidar da marca pessoal dá trabalho
Para elas, “não há ilusões”, pois construir uma marca pessoal dá trabalho. A afirmação tem base em pesquisas e experiências, mas elas ponderam que, apesar de trabalhoso, o processo vale a pena, já que permite maior controle da imagem pessoal e profissional e, em consequência, o sucesso no impacto que a pessoa gera no mundo. “O objetivo deve ser assegurar que a narrativa criada sobre você é precisa, coerente, atraente e diferenciada”, defendem.
As autoras criaram sete passos para a estratégia de construção de marca pessoal, bem como para melhorá-las, atualizá-las e ajustá-las de tempos em tempos. Veja:
- Defina um propósito
Pense no seu significado para os outros. Isto engloba as suas experiências, decisões e ações. Pergunte a si mesmo como e por quê você viveu e vive a vida que tem, e procure interesses, competências e traços de caráter que possa levar à sua vida futura. Em seguida, explore como esses aspectos se conectam à sua missão, paixões e objetivos, escrevendo uma proposta de valor pessoal, por meio de uma declaração que leva quatro componentes: (1) o grupo que você terá como alvo, (2) o que espera oferecer, (3) o seu grupo competitivo e (4) as suas capacidades.
- Faça uma auditoria de sua marca pessoal
Primeiro, catalogue as suas credenciais, como educação, experiências profissionais ou pessoais significativas, além das conquistas. Em seguida, liste as suas conexões sociais e relacionamentos dentro de vários grupos e organizações. Isso irá ajudá-lo a avaliar o nível de capital social.
Depois, faça uma relação de adjetivos ou descrições que você acha que capturam o seu “verdadeiro eu”, incluindo os pontos positivos e os negativos. Analise se sua autoavaliação está alinhada com a marca que você almeja. Por exemplo, se você visa se tornar um líder, sua lista deverá conter palavras como “forte”, “compassivo” e “orientado para resultados”.
Agora, é hora de uma espécie de pesquisa de mercado para descobrir qual é a sua imagem para os outros. Comece identificando o público-alvo (colegas, chefes, professores, família, amigos, parceiros românticos) e selecionando alguns sinceros “contadores da verdade”. Seja corajoso para incluir também alguém que o rejeitou (para um emprego ou para um encontro).
Convide cada “contador de verdade” para encontrar com você e discutir abertamente seus pontos fortes e fracos. Faça perguntas como “Como você me descreveria para um estranho se eu não estivesse com você?” Peça também para avaliá-lo em seus atributos desejados. Compare as opiniões deles com as suas e analise como elas se alinham ou diferem. Todo esse trabalho o ajudará a encontrar lacunas e pensar em estratégias para preenchê-las.
- Construa uma narrativa pessoal
Ao se apresentar, dê destaque à narrativa de casos e situações que o valorizem. Quando um entrevistador disser: “Fale-me sobre você”, não apenas recite seu currículo ou descreva seus atributos, mas também compartilhe histórias ilustrativas sobre as suas experiências.
Por exemplo, você pode responder: “Em todas as posições que estão no meu currículo, eu desempenhei um papel importante, de solucionador de problemas. Recentemente, a minha equipe estava lutando com um processo de revisão desatualizado, então passei o último mês trabalhando com um colega de TI para reformulá-lo e, desde então, aumentamos as taxas de conclusão no prazo em 100%”.
- Personifique a sua marca
É importante estar ciente das mensagens que você está enviando. Considere como responde a uma pergunta simples de um colega, como “Como vai você?”. Se você responder: “Estou exausto, o trabalho é estressante e o trânsito péssimo”, você está comunicando vibrações negativas e perdendo a chance de reforçar aspectos atraentes de sua marca. Se, em vez disso, você responder com “O trânsito não foi bom esta manhã, mas aproveitei o tempo para ouvir um podcast sobre criatividade que vou compartilhar com a equipe”, você sinaliza sua positividade, produtividade e vontade de aprender.
- Crie um “plano de mídia”
O próximo passo é criar um “plano de mídia” que especifique os canais pelos quais você transmitirá a sua marca. Isso pode parecer desconfortável no começo. Auto promotores e fanfarrões geralmente não são muito queridos. Mas delinear o que o torna valioso – e mostrar o que você tem a oferecer – é fundamental para o sucesso.
Você pode usar owned media (mídia proprietária), o que inclui mídia social ou perfis de namoro, sites profissionais e pessoais e o público orgânico gerado por qualquer conteúdo que você produz, como podcasts, vídeos, blogs, livros, palestras e artigos em publicações.
Earned media (mídia conquistada) também são importantes. Isto inclui menções na imprensa pública, recomendações e avaliações do seu trabalho no LinkedIn e outras plataformas. “Retuítes”, curtidas e comentários em seu conteúdo social e referências que outros fornecem sobre você também são válidas.
Já a Paid media (mídia paga), inclui todas as formas de aumentar a exposição pagando outras pessoas para te ajudar. É o caso da contratação de consultores de busca de executivos e agentes de palestrantes, que podem identificar audiências para ouvir as suas histórias em conferências.
- Socialize a sua marca
Desenvolver uma marca pessoal não é um exercício individual. Você precisa que outras pessoas compartilhem as suas histórias, aumentando, assim, a credibilidade. Identifique cuidadosamente quais gatekeepers (espécies de intermediários), influenciadores, promotores e comunidades você pode recrutar.
- Reavalie e ajuste a marca pessoal
A construção da marca pessoal é um processo contínuo. Portanto, é preciso avaliar regularmente como a sua proposta de valor e narrativas se encaixam no seu contexto profissional e pessoal atual.
As autoras do artigo publicado na Harvard Business Review recomendam uma auditoria anual para encontrar déficits e corrigir pontos fortes a serem aproveitados. Além de fazer uma autoavaliação objetiva, é possível envolver novamente os seus “contadores de verdade”, para descobrir qual é a imagem atual e saber se ela está alinhada aos seus objetivos.