Duas pesquisas de instituições diferentes revelam maior preocupação das empresas brasileiras com as questões relativas às práticas ESG (Environment, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança). A primeira pesquisa, realizada pela PwC, em parceria com a Ibracon, com empresas de capital aberto do Ibovespa, mostra que em 2023, 91% das companhias publicaram resultados não financeiros do ano. Essa foi a maior proporção de divulgação de relatórios com temas ESG em relação a anos anteriores.

O outro estudo foi realizado pela Amcham Brasil (American Chamber of Commerce, ou Câmara Americana de Comércio), que opera como uma espécie de ponte estratégica entre empresas brasileiras e dos EUA, em parceria com a Humanizadas. A nova edição da Pesquisa Panorama ESG revelou que 71% das empresas brasileiras estão adotando práticas ESG neste ano.

Engajamento aumenta 24 pontos percentuais

Quando comparado com 2023, o resultado deste ano indica o crescimento de 24 pontos percentuais, pois a adoção dessas iniciativas era de apenas 47%. A Pesquisa Panorama ESG mapeou a percepção de mais de 680 executivos de todo o Brasil sobre os desafios e as oportunidades das práticas ESG, indicando maior adesão de empresas aos pilares ambientais, sociais e de governança.

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A Amcham Brasil destaca que o engajamento direto do topo das empresas é essencial para que a Agenda ESG seja tratada como estratégica, devendo vir acompanhada de políticas públicas de qualidade. A instituição diz que a capacitação de lideranças e de colaboradores, a ação de integrar a sustentabilidade na estratégia de negócios da empresa e a previsão de orçamentos específicos estão entre os principais fatores indicados para o sucesso das práticas sustentáveis.

Investimento em ESG atrai investidores

praticas esg

Em relação à pesquisa com as empresas do Ibovespa, é importante destacar que as corporações também lucram quando investem em práticas ESG. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além de ser um diferencial competitivo e atrair investidores para o negócio, a sociedade e o mercado veem com bons olhos as organizações que se preocupam com essas questões.

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A pesquisa feita pela PwC e a Ibracon analisou 82 empresas, entre maio e agosto de 2023. Pelo menos nove índices de mercado relacionados ao tema ESG foram citados nos relatórios, com destaque para o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e o Índice Carbono Eficiente (ICO2), ambos da B3 – uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro no mundo, com atuação em ambiente de bolsa e de balcão.

Questões sociais ainda precisam de avanço

Mas, apesar de ser revelada uma maior preocupação em relação às mudanças climáticas e maior adesão ao GHG Protocol – ferramenta que oferece diretrizes para contabilização de GEE (Gases de Efeito Estufa) -, as empresas ainda estão no início da jornada de descarbonização: 93% delas não se declararam carbono neutro. No entanto, 30% divulgaram metas de redução que foram validadas, o que significa crescimento em relação aos 19% obtidos na edição anterior da pesquisa.

Ainda na pesquisa da PwC e Ibracon, quando analisados os fatores relacionados à governança corporativa, foi percebida maior transparência nos casos de corrupção. A divulgação das estatísticas dos canais de denúncia passou de 57% nos relatórios analisados na primeira edição do estudo para 80% na atual.

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Em relação ao “Social” do ESG, os resultados são diversos. A participação de mulheres na alta liderança foi divulgada por 84% das companhias e a presença feminina nos Conselhos de Administração foi mencionada por 83%. Em relação à raça, porém, entre as poucas empresas que divulgam esses dados, apenas 33% apontaram a presença de pessoas negras na alta liderança e 18% no Conselho de Administração.