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Educação e aprendizagem
A carência de opções de trabalho digno e com remuneração à altura está fomentando a chamada “uberização do trabalho”, com indivíduos recorrendo a uma espécie de empreendedorismo improvisado como fonte de sustento. Em artigo publicado no Neo Mondo, portal ligado à sustentabilidade, Eder Campos, diretor de Educação Social da Fundação Dom Cabral (FDC), discorre sobre essa tendência e defende que deve haver um compromisso social das empresas em apoiar o contexto desse espírito empreendedor, seja na sua cadeia de valor (fornecedores, representantes e clientes), seja de suas comunidades do entorno.
Campos diz que muitos desses empreendedores enfrentam condições laborais duras e jornadas longas, submetidos a uma insegurança financeira constante. Em muitos casos, o empreendedorismo deixou de ser uma escolha de agentes econômicos, mas uma resposta à falta de alternativas. Nesse contexto, o diretor comenta que o poder público e empresas deveriam fomentar juntos a formação empreendedora desses trabalhadores e destacar o “S” da sigla ESG (Social) nessas relações, visando um futuro mais produtivo e sustentável.
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Abordagem ESG
“Empresas que adotam uma abordagem ESG (Ambiental, Social e Governança) se comprometem não apenas a gerar lucros para os acionistas, mas também a criar valor para os funcionários, clientes, comunidades e o meio ambiente. Precisam olhar para além do resultado trimestral e idealizar a perenidade dos negócios”, diz o diretor.
Mas, se, por um lado, muitos trabalhadores partem para o empreendedorismo de forma improvisada e sem preparo, por outro, o mercado do trabalho formal, em muitos casos, não se mostra atraente, o que incentiva a “uberização”. É preciso reconhecer, diz Campos, que as jornadas ofertadas, em termos de custo-benefício, precisam ser mais atrativas, e isso requer agregação de valor nos processos produtivos em longo prazo.
Investimento na formação
“O mesmo empresário que reclama de não achar colaboradores para vagas formais poderia avaliar como criar arranjos informais, com incentivos aderentes e educação que suporte uma rede engajada e duradoura. Há uma necessidade de investir na formação de habilidades para o nosso empreendedor popular”, defende o diretor.
Eder Campos prossegue, afirmando que, independentemente da motivação inicial, “é essencial reconhecer o potencial transformador do espírito empreendedor, especialmente em um contexto marcado por incertezas econômicas”. Porém, o despertar desse estado requer não apenas coragem, mas também formação e capacitação adequadas, acrescenta.
“É fundamental fornecer aos empreendedores as ferramentas necessárias para precificar serviços, planejar finanças e desenvolver a resiliência necessária para enfrentar os desafios do mundo dos negócios”, argumenta o diretor.