Você sabe o que é neurodiversidade? São variações naturais do cérebro humano, que fazem com que cada cérebro seja único, como uma impressão digital. Dentro da enorme variedade de cérebros existente, alguns – de 15% a 20% do total – têm um desenvolvimento neurológico diferente dos demais, estando incluídos dentro do chamado espectro autista.
Estão incluídos neste espectro variações como o próprio autismo, a dislexia, a Síndrome de Tourette e a dispraxia. Recentemente, casos de depressão e ansiedade em nível avançado passaram também a ser considerados por especialistas como parte desse espectro.
Neurodiversidade e o mercado de trabalho
A boa notícia é que pessoas que sofrem com essas variações podem – e com louvor – fazer parte do mercado de trabalho. Esse foi tema discutido em episódio do FDC Debates, podcast da Fundação Dom Cabral, no qual o apresentador Thomaz Castilho entrevistou Ariane Campos, consultora de pessoas e empresas e facilitadora de desenvolvimento humano e organizacional; e Luciana Ferreira, professora de Liderança da FDC.
Neurodivergentes têm talentos específicos
Luciana argumentou que a neurodiversidade no mundo do trabalho exige o envolvimento de uma liderança ativa, que saiba extrair do colaborador o melhor que ele tem a oferecer. “É essa habilidade que vai permitir que o colaborador floresça”, disse.
Já Ariane destacou que a inclusão dos trabalhadores com desenvolvimento neurológico diferente é um desafio para as empresas, existindo hoje consultorias especializadas em ajudar a selecioná-los e a extrair os seus talentos.
“É preciso unir o que a empresa oferece com o que o neurodivergente tem a oferecer. É um trabalho de inclusão. Muitos neurodivergentes têm talentos específicos, como capacidade de memória, de concentração e de inovação ou persistência. Em tarefas que exigem essas características, eles têm rendimento acima da média”, explica Ariane.
Mas a realidade do mundo do trabalho está impregnada de rejeição e preconceito em relação ao neurodivergente, segundo Ariane. Com dados do IBGE, ela estimou que há cerca de 2 milhões de pessoas com algum nível do espectro autista e 85% delas estão desempregadas no Brasil. “Falta um olhar mais humanizado para essa questão. Falta treinamento dos líderes para lidar com o neuroatípico”, disse.
De acordo com Ariane, o primeiro passo importante para a empresa é decidir se vai abraçar a causa e saber que esta é uma decisão estratégica, cujo processo será multidisciplinar. Ela acrescentou que as áreas de tecnologia e inovação podem ser terrenos férteis para os neurodivergentes.