A liderança das empresas de capital aberto no Brasil é majoritariamente masculina e pouco diversa em relação à raça e cor. Esse é o resultado de um levantamento da bolsa de valores B3. Segundo a instituição, 56% das 359 companhias analisadas não têm nenhuma mulher como membro da diretoria estatutária. Quando se trata do conselho de administração, o número menor – 37% – mas mesmo assim significativo. 

Considerando os parâmetros de raça e de cor, o cenário é ainda mais crítico, pois 98,6% das companhias listadas na B3 disseram não ter nenhum diretor estatutário negro e 87,7% não têm nenhum profissional considerado pardo. Em ambos os casos, o número de empresas sem representantes nessas categorias aumentou. 

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A representatividade por raça e cor também caiu nos conselhos de administração: 96,6% das empresas não têm conselheiros pretos e 90% não contam com conselheiros pardos. 

Intitulado Mulheres em Ação, o relatório da bolsa de valores está em sua quarta edição e tem como base as informações oficiais das companhias inscritas. 

Presença feminina na liderança precisa aumentar

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Comparando com os números de 2023, a retração da presença feminina foi mais discreta, exatamente de um ponto percentual: no ano passado, 55% das empresas não tinham mulheres na diretoria estatutária e 36% não acusava a diversidade de gênero em seu conselho de administração. 

Mesmo assim, nas empresas com diversidade de gênero, a alta liderança feminina ainda é pequena: um terço só tem uma mulher na diretoria e 35% só acusam uma delas no conselho. Ou seja, ainda há margem para melhorias. 

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Segundo Flavia Mouta, diretora de Emissores da B3, a inclusão de uma única pessoa de grupo sub-representado, ainda que possa ser um primeiro passo importante, pode ter efeitos limitados quando pensamos nos benefícios da diversidade. Ela avalia que, a partir da presença de mais pessoas desses grupos, pode ser gerada uma massa crítica que de fato passa a influenciar o cenário das tomadas de decisão.

A B3 também tomou medidas para influenciar nesse processo, caso da aprovação, em 2023, do Anexo ASG, documento com medidas propostas para estimular a diversidade de gênero e a presença de grupos sub-representados em cargos de alta liderança e o reporte a respeito da implementação de boas práticas adicionais em matéria ambiental, social e de governança corporativa pelas companhias listadas.