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Impacto positivo e legados sustentáveis
O setor audiovisual tem um papel a desempenhar na transição ecológica, inclusive com a explosão das séries. Essa é a avaliação de Ricardo Azambuja, professor-pesquisador em Rennes School of Business e na Fundação Dom Cabral (FDC), e Sophie Raynaud, formada na Rennes School of Business e doutoranda na NEOMA Business School. Os dois são autores de um artigo que discute como a ecoansiedade vem sendo tratada nas telas de cinema e nas minisséries em canais fechados.
Para eles, a cultura e, em particular, o setor audiovisual, têm se posicionado regularmente como o motor da mudança social, procurando chamar a atenção para questões importantes da sociedade. Os dois professores avaliam que o audiovisual tem um papel no combate à ecoansiedade e à paralisia que ela pode gerar. E mais: eles não questionam a crise climática, mas avaliam que para “construir um futuro, precisamos de energia e um pouco de esperança. Cabe à cultura, às novelas, séries e cinema nos devolver”, defendem.
Crise ambiental estimula a ecoansiedade
Uma contribuição do setor audiovisual seria divulgar comportamentos de sobriedade. As séries podem contribuir para a disseminação desses comportamentos ao evitar cenas de hiperconsumo (como a famosa terapia de compras herdada de Sex and the City), os clichês e os personagens vegetarianos moralizadores. Também podem evitar de por na tela embalagens descartáveis ou garrafas plásticas de água, na avalição dos articulistas.
As sugestões fazem sentido considerando pesquisas recentes como o estudo internacional publicado na revista The Lancet Planetary Health, em 2021, que destacou o aumento da ecoansiedade entre as gerações mais jovens.
A pesquisa, realizada com 10 mil jovens de 16 a 25 anos, revelou que 60% deles demonstram extrema preocupação com a crise ambiental. “À esta preocupação juntam-se a ansiedade, a raiva, a tristeza, o desamparo e a culpa”, destacam os professores.