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COP27 precisa ter propostas concretas para comunidades vulneráveis

Financiamento aos países pobres é tema de destaque de entidades como IFRC, IPCC e a própria organização do evento

cop27 comunidades vulneraveis Foto: Kiara Worth/UNFCCC
por Redação novembro 18, 2022
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    Impacto positivo e legados sustentáveis

A avaliação dos especialistas é que a COP27, realizada nas primeiras semanas de novembro em Sharm El Sheikh, no Egito, traga propostas mais concretas sobre o estabelecimento de fundos para ajudar os países em desenvolvimento a cobrir seus custos de lidar com perdas e danos não econômicos e econômicos associados aos efeitos adversos da mudança climática. A cobrança foi feita inclusive pelo presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. A meta publicamente anunciada é de US$ 100 bilhões em financiamento climático por ano. O valor já tinha sido solicitado anteriormente na Escócia, sede da COP26.

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Foto: Kiara Worth/UNFCCC

O tema também foi destacado pela IFRC, maior rede humanitária do mundo, composta por 192 Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. De acordo com a entidade, o mundo não poderá suportar promessas vagas como resultado da COP27. 

É contrastante a informação da IFRC sobre os 30 países mais vulneráveis ​​do mundo: nenhum deles está na lista dos 30 maiores receptores de financiamentos para lidar contra a mudança climática. Ou seja, as comunidades mais vulneráveis​​ estão pagando mais caro por um problema que causam menos. 

Financiamento de perdas e danos

Dados da entidade mostram que nos últimos 10 anos, 86% de todos os incidentes causados ​​por desastres naturais tiveram relação com eventos climáticos, matando pelo menos 410 mil pessoas e afetando mais 1,7 bilhão. 

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) acrescenta outro dado: as mudanças climáticas já estão contribuindo para crises humanitárias, com uma estimativa de 3,3 a 3,6 bilhões de pessoas vivendo em contextos vulneráveis ​​decorrentes delas.

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Hoesung Lee (Foto: Kiara Worth/UNFCCC)

“A ação coletiva é necessária agora, se quisermos alguma chance de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius”, disse Hoesung Lee, presidente do IPCC, na abertura da COP27. Ele também foi enfático ao pontuar que uma mitigação ambiciosa é o único caminho a seguir e o conhecimento científico sobre as mudanças climáticas e a expertise para lidar com os seus problemas de amplo alcance são claros atualmente.

O financiamento a perdas e danos dos países mais vulneráveis foi para o centro da discussão, inclusive com o discurso do presidente da COP27, Abdel Fattah El Sisi. De acordo com ele, trata-se de um assunto “reconhecido pela maior parte da comunidade internacional como fundamental”. A explicação básica dele é que os países economicamente mais vulneráveis são os primeiros e os que mais sofrem com a crise climática e, portanto, precisam ser apoiados financeiramente nesse combate.

A agência de notícias Reuters trouxe mais dados sobre o custo da mudança climática, destacando que o aumento do nível do mar e a seca aumentam também a frequência e a gravidade de inundações e incêndios florestais. Ela, inclusive, listou os 10 incidentes mais caros da última década, em uma avaliação feita pela empresa de modelagem de risco RMS, mostrando que esses eventos aconteceram nos últimos cinco anos.

Embora as maiores perdas financeiras ocorram em países mais ricos – pois eles têm, naturalmente, ativos mais caros – os países em desenvolvimento, como o Paquistão, sofreram inundações que custaram cerca de US$ 3 bilhões somente em 2022, confirmando a necessidade de que os financiamentos para perdas e danos causados pela mudança climática global avance, definitivamente, dos discursos para a implementação.




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