Artigo assinado pelos educadores Ethan Mollick e Lilach Mollick, da Harvard Business Publishing Education, aborda o verdadeiro pânico que a Inteligência Artificial (IA) vem criando no meio acadêmico. As preocupações são grandes em relação à qualidade e lisura, em especial das redações de alunos. Mas os educadores, vêem o lado positivo dessa mudança também, e apontam caminhos que podem tornar a inteligência artificial uma aliada nas salas de aula.

Tudo começa com os educadores se familiarizando com as ferramentas de IA, especialmente os modelos de linguagem grandes (LLMs), como os subjacentes ao ChatGPT e OpenAI Playground. Isso se faz dedicando tempo para experimentar esses sistemas e ter uma noção do que eles podem ou não fazer.

Treinamento dos alunos é essencial

chat gpt sala de aula

Já os alunos devem ter conhecimento suficiente sobre o tópico que estão examinando para produzir resultados suficientes. Afinal, receber bons resultados dessas ferramentas também exige prática. É por isso que os professores devem investir no treinamento dos alunos, para que eles usem  adequadamente essas tecnologias em prol do aprendizado. “Isso os ajudará a ter sucesso em seus estudos e a se preparar melhor para o futuro. Essas ferramentas farão parte de suas vidas, por isso devem aprender a aplicá-las de forma eficaz”, defendem os autores.

Ter uma política clara sobre o uso de IA, portanto, é o primeiro passo para criar um ambiente de sala de aula no qual ela  possa ser adotada de forma responsável e honesta. Essa política pode incluir:

  • Em que circunstâncias o uso de IA é permitido ou proibido
  • Como os alunos devem citar ou creditar a IA
  • Um aviso sobre a tendência da tecnologia para a alucinação (ou seja, dados enganosos) e regras claras sobre a responsabilidade dos alunos pela produção de IA
  • Um aviso sobre o uso de IA de forma ética e responsável
  • Discussão sobre a necessidade de usar IA como ferramenta para aprender, não apenas para produzir conteúdo.

A criação de novas abordagens

Se estivermos dispostos a pensar criativamente e tentar novas abordagens com ela, a IA pode desencadear uma forma totalmente nova de aprendizado. Por exemplo, pode permitir que os alunos ensinem ou editem o trabalho uns dos outros ou de si mesmos. Em Harvard, como parte de um novo exercício de curso projetado, por exemplo, o ChatGPT serve como parceiro dos alunos para ajudar a melhorar a redação.

Nesse caso específico a IA produz um ensaio com base em um prompt (meio de interação), e seu parceiro-aluno o critica e trabalha para melhorar constantemente o ensaio, adicionando novas informações, esclarecendo pontos, verificando fatos e adicionando insights e análises. O exercício aproveita a propensão da IA ​​para simplificar tópicos complexos, usando sua falta de análise perspicaz como pano de fundo para os alunos fornecerem evidências de compreensão.

“A inteligência artificial veio para ficar e só se tornará mais prevalente em nossas salas de aula com o tempo”, defendem os articulistas. Por isso, complementam, o melhor caminho a seguir é a utilização e a experimentação, já que é algo novo e, como tal, terá alguns experimentos bem-sucedidos e outros não.