A pesquisa Panorama ESG 2024, feita pela consultoria Humanizadas a pedido da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), aponta que os CEOs precisam liderar as iniciativas ESG. Para 77% dos 687 líderes empresariais brasileiros entrevistados, o chefe da companhia é quem deve conduzir o processo, seguido pelo governo, com 67% das respostas.
O tema do ESG vem ganhando força no Brasil, com um salto de 24 pontos percentuais na adoção da pauta em comparação com o ano passado. Atualmente, 71% das empresas entrevistadas adotam práticas sustentáveis. Apenas 4% delas contam que o ESG não é prioridade para o seu negócio. Outro ponto interessante é que 45% das companhias já estão começando a implementar as melhores práticas de ESG, enquanto 26% se consideram pioneiras e referência de mercado.
Leia também:
Tendências ESG para 2024: mais pragmatismo, foco no clima e maior regulação
A adoção dessas práticas é motivada pelo desejo de impactar positivamente questões ambientais e sociais (78%) e fortalecer a reputação corporativa (77%), mas ganhou relevância no estudo de 2024 o fortalecimento da relação com investidores e parceiras, que subiu de 27% para 63%. A atração e fidelização de clientes também é um motivo que cresceu consideravelmente, de 12% para 55%.
Apesar da área ambiental ser geralmente o destaque quando se fala em ESG, as empresas brasileiras estão mais focadas no social, considerado prioridade para 72% dos ouvidos. A maioria das práticas nessa área envolvem a gestão interna das empresas, sendo que 65% investem na formação e capacitação de funcionários, 61% em criar uma cultura inclusiva e que promova a equidade e 54% apontam para a geração de emprego e renda como uma iniciativa de ESG. Ações externas aparecem apenas na quarta posição, com 52% tendo parceria ou apoiando uma instituição sem fins lucrativos.
Leia também:
Conselheiros admitem urgência de letramento em ESG, mostra pesquisa
Governança em segundo lugar nas estratégias de ESG
Em segundo lugar, como prioridade, aparece a governança, com 68%. Aqui, a maioria (67%) adotou um código de ética e política anticorrupção. Apenas 58% têm políticas de transparência e governança e 43% um comitê de gestão ESG.
É possível ver porque o ambiental, que tem prioridade de 66% das empresas entrevistas, aparece como última opção: 33% reduziram as emissões de gases de efeito estufa e apenas 21% compensam suas emissões. Nessa categoria, o item mais relevante são as políticas e práticas de incentivo à reciclagem e reuso de produtos, adotada por 54% delas.
A principal dificuldade das empresas (40% das respostas) é mensurar os indicadores ESG, o que pode explicar porque o ambiental não é uma prioridade. A ausência de uma cultura organizacional sólida também é um obstáculo para 32%, sendo que a falta de recursos financeiros aparece só na terceira resposta: 30%.
Para acelerar essa adoção, o fator mais relevante é a capacitação e desenvolvimento de lideranças e colaboradores (56%), seguida por uma agenda ESG atrelada à estratégia do negócio (48%). As empresas também citaram alocar um orçamento só para essas iniciativas (47%). O governo também precisa fazer a parte dele, com 77% apontando para a necessidade de incentivos de pesquisa e desenvolvimento sustentável.
A pesquisa Panorama ESG 2024 foi realizada com empresas que, juntas, empregam meio milhão de pessoas e totalizam um faturamento de R$ 756 bilhões, sendo que 69% representam companhias de médio e grande porte.