A experiência pessoal parece ser a grande inspiradora do software desenvolvido por Sávio Arruda, atual CEO da Serena. Filho de uma comerciante, ele já criou soluções para pequeno varejo no PagSeguro. Em 2022, demitiu-se da Bling (uma provedora de ERP com foco em integração de cadeias de suprimentos e e-commerce) para empreender em uma startup de Saúde. Porém, no momento do aporte de investimentos, o sócio rompeu e, com filho pequeno e sem emprego, o estado de ansiedade o levou ao conteúdo do psiquiatra Marco Abud. Neste ano, viu como explorar as atuais possibilidades da inteligência artificial (IA) nessas situações.

“Minha experiência com ansiedade e depressão me motivou a buscar uma solução acessível para outros que enfrentam problemas semelhantes. Muitas pessoas ainda enfrentam estigmas ao procurar ajuda. Com a Serena, queremos oferecer uma solução discreta e eficaz para quem precisa de apoio psicológico”, contou no canal Tech Connection, da BM&C News.

Para acessar a Serena, o usuário deve se cadastrar e adquirir pacotes de crédito entre R$ 29 e R$ 99, com os três primeiros créditos grátis. O acesso é feito pelo Whatsapp, tornando desnecessária a instalação e aprendizado de outro app. As conversas podem ser por texto ou áudio, tanto na consulta quanto nas respostas.

Na fase inicial de uso (ou se usuário decidir manter assim), há trilhas de conteúdo mais genérico, com as principais orientações para identificar e lidar com depressão, ansiedade e outros problemas comuns. Conforme as interações, a IA personaliza cada vez mais o atendimento.

“A Serena é uma terapeuta IA que utiliza Inteligência Artificial treinada em ações baseadas em evidências científicas para acolher e orientar, de forma prática, com métodos comprovados para lidar com situações difíceis e ajudar no desenvolvimento da resiliência”, define Marco Abud, psiquiatra criador do canal Saúde da Mente.

Inclusão da Inteligência Artificial sem substituição de papéis

Com base em questionários academicamente validados, a IA da Serena também oferece testes periódicos para autoavaliação e acompanhamento do progresso dos usuários, utilizando métodos como o GAD-7 e o PHQ-9, padrões para avaliação de ansiedade e depressão.

Arruda enfatiza que, quando a Serena identifica casos graves ou de alto risco, a própria plataforma insiste para que o usuário busque um profissional. Ele adianta que já trabalha para incluir uma lista de parceiros, com objetivo de acelerar a assistência.

Pouco depois do lançamento da plataforma, a empresa abriu acesso gratuito a residentes do Rio Grande do Sul, para apoiar as pessoas afetadas por tragédias recentes na região.

A Serena também atende gratuitamente a beneficiários do Bolsa Família.

Atualmente, a plataforma tem uma “clientela” entre 1,5 mil e 2 mil usuários. Arruda destaca que a escalabilidade da infraestrutura, totalmente em nuvem, suporta as expectativas de crescimento, assim como facilita a evolução das funcionalidades. “Estamos trabalhando em integrações com dispositivos wearables, como relógios inteligentes, que poderão fornecer dados em tempo real sobre o estado emocional do usuário”, adianta.