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Educação e aprendizagem
A importância da afetividade para a aprendizagem é o tema de artigo publicado pela Diretora de Educação e Inovação na Fundação Dom Cabral, Roberta Campana, no Clube da Escrita, no site Medium.com. Publicado em 6 de dezembro de 2022, o artigo defende que “inteligência e afetividade são dois elementos inseparáveis”. Baseada em autoridades como o biólogo e psicólogo Jean Piaget , a educadora argumenta que “a afetividade influencia o aprendizado das pessoas, juntamente com seu desenvolvimento cognitivo”.
“Cognição e emoção estão totalmente conectadas. O próprio Piaget explica que a inteligência de alguém está associada à sua afetividade – dimensão do psiquismo que abarca as emoções, sentimentos e vontades, inclusive de querer aprender”, escreve Campana. “As emoções condicionam a atenção, a memória, comportamentos e, consequentemente, a experiência de aprendizagem. Só conseguimos aprender quando atribuímos valor e estamos emocionalmente conectados a algo ou alguém”, acrescenta a autora.
Predisposição para aprender
O artigo cita ainda pensamentos do psicólogo David Ausubel e do educador Joseph Kovak, professor emérito na Cornell University, para destacar que o estudante precisa ter uma predisposição para aprender e isso envolve uma experiência afetiva.
“A hipótese de Novak é que a experiência afetiva é positiva e intelectualmente construtiva quando o aprendiz tem ganhos em compreensão. Mas a sensação afetiva gera sentimentos de inadequação, quando o aprendiz não sente que está aprendendo”, detalha o artigo.
Roberta Campana propõe aos educadores criarem jornadas de aprendizagem com intencionalidade emocional.
“Geralmente, focamos na melhor combinação de conteúdos, metodologias e tecnologias educacionais, mas sequer consideramos as emoções. Minha proposta é que façamos um exercício de imaginar possíveis emoções que podem impactar a experiência do aluno, pois assim conseguimos fazer escolhas intencionais de como vamos articular essas emoções para potencializar a aprendizagem, em um grande exercício de empatia”, defende.
Executivos vão a Paracatu de Baixo
A educadora explica que vem colocando essas jornadas em prática. E cita o exemplo de uma experiência na Fundação Dom Cabral com um grupo de executivos que buscava refletir sobre o papel das empresas além de gerar resultados para os acionistas, mas também em promover o desenvolvimento da sociedade.
“Podíamos ter passado quatro dias dentro de uma sala discutindo, trazendo conceitos e cases, mas optamos por outro caminho. Levamos os executivos a Paracatu de Baixo, cidade impactada com o rompimento da barragem da Samarco em 2015, que fica próxima a Mariana, em Minas Gerais. Eles caminharam pela cidade vendo e sentindo o que aconteceu. Voltamos para o Campus da FDC e o resultado foi incrível! A profundidade das discussões, a mobilização para definir ações concretas e a criação de um senso de responsabilidade e comunidade foram surpreendentes. Articulamos cognição e emoção e isso resultou em aprendizagem, em mobilização para a ação”, finaliza a autora.