Educação em Singapura contribui para o desenvolvimento econômico do país

O sistema educacional de Singapura, cidade-estado no sudeste asiático, é, hoje, um dos mais avançados e eficazes do mundo.

Na última edição do PISA, avaliação internacional que mede o desempenho dos estudantes de 15 anos em matemática, ciências e leitura, realizada em 2022 com alunos de 81 países, o país foi o primeiro colocado. Os estudantes de Singapura foram os melhores nas três avaliações. A título de comparação, o Brasil ficou apenas na 65ª. posição; enquanto o país mais bem colocado na América do Sul foi o Chile, na 57ª. posição.

Mas, engana-se quem pensa que esse foi um resultado acidental ou casuístico. Ao contrário, o país vem mantendo o alto desempenho desde 2009, quando participou do teste pela primeira vez. Isso revela o alto valor atribuído à educação por lá e, também, que, ao contrário do que se vê no Brasil, em Singapura, a educação é tratada como projeto de longo prazo, diretamente relacionada à visão de futuro do país e essencial, portanto, ao seu desenvolvimento econômico e social.

Gráfico – Evolução histórica do desempenho dos estudantes de Singapura no PISA de 2009 a 2022

Outros fatores também ajudam a explicar a qualidade do sistema educacional do país:

• o país investe pesadamente em formação e desenvolvimento contínuo dos seus professores, visando garantir que eles estejam devidamente preparados para educar e inspirar os alunos;

• a formação docente no país é concentrada em um único instituto de formação de professores, com um rigoroso processo de seleção (apenas um em cada oito candidatos é aprovado) de candidatos, atraídos por altos salários e grande valorização na sociedade.

Além disso, os professores podem participar de até 100 horas de formação continuada por ano financiada pelo governo, contando, ainda, com um bom sistema de progressão de carreira. Enquanto ainda dão aulas, os docentes desenvolvem mentorias com seus pares menos experientes e são responsáveis para que o desenvolvimento curricular seja liderado por aqueles que melhor conhecem o sistema de ensino e aprendizagem.

Há, também, um foco claro em excelência acadêmica. O currículo rigoroso em Singapura tem uma forte ênfase nas disciplinas STEM: Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Além disso, os alunos são encorajados, frequentemente, a alcançar altos padrões acadêmicos.

Os resultados no PISA, não apenas nesta última edição, mas em todas as edições em que os estudantes do país participaram, são uma demonstração clara disso.

Outro destaque é o uso de tecnologia de ponta para a melhoria da experiência de aprendizagem do estudante e para a preparação para a economia digital.

Investimentos e políticas governamentais atualizadas e eficazes ajudam a construir um ambiente favorável à educação de qualidade no país. O governo de Singapura revisa e atualiza continuamente suas políticas educacionais, a fim de assegurar o alinhamento às necessidades do mercado de trabalho e da economia global. Nos últimos 50 anos, o país implementou quatro reformas profundas no sistema educacional. Outro exemplo é a recente lei aprovada que concede incentivos para a educação continuada de profissionais adultos com mais de 40 anos.

Além disso, o governo de Singapura investe fortemente em infraestrutura escolar e recursos educativos, visando oferecer um ambiente de aprendizado de alta qualidade.

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Existem, também, além da lei que beneficia os adultos com mais de 40 anos, numerosos programas de bolsas e subsídios que visam assegurar o acesso da população à educação de qualidade, independente de origem socioeconômica.

A cultura de meritocracia é outro ponto alto da educação de Singapura. Por lá, o sucesso acadêmico e profissional é amplamente baseado no mérito. Isso motiva os alunos a se esforçarem ao máximo e alcançarem altos níveis de desempenho.

Não bastasse, a educação também incentiva o empreendedorismo e a criação de novas empresas, ajudando a construir desde cedo uma mentalidade e cultura de inovação e, assim, edificando bases sólidas para um ecossistema dinâmico de empreendedorismo e inovação.

Há, portanto, no estado atual da educação de Singapura e em suas políticas públicas para a educação, uma combinação de elementos vitais para a qualidade do sistema educacional e para o seu impulso econômico: primeiro, a qualidade do seu capital humano, possibilitada pela educação de alta qualidade, que cria uma força de trabalho altamente qualificada e essencial para a economia do conhecimento. A este respeito, destaca-se, ainda, que a educação de alta qualidade do país permite a diversificação da economia em setores de alto valor agregado, como tecnologia da informação, biotecnologia e serviços financeiros.

Segundo, os investimentos em pesquisa e inovação. A ênfase nas disciplinas STEM, desde a educação básica, e, também, os investimentos em educação superior e pesquisa, estimulam e potencializam a inovação, levando a avanços em ciência e tecnologia que impulsionam o desenvolvimento econômico.

Terceiro, o reconhecimento mundial como um centro de excelência educacional contribui para a atração de investimentos internacionais, empresas multinacionais e talentos globais. Não à toa, o país é considerado hoje, um dos melhores locais para se trabalhar e se fazer negócios, segundo o ranking Doing Business 2020 do World Bank Group.

É possível concluir, portanto, que a educação em Singapura é um pilar fundamental para o desenvolvimento e o crescimento econômico do país. A combinação de uma força de trabalho altamente qualificada, um ambiente favorável ao empreendedorismo e à inovação e políticas governamentais eficazes contribui significativamente para o sucesso econômico do país, que possui, hoje, um dos maiores PIB per capita do mundo.

* Fabiano Bossle Miguel é membro do Comitê de Conhecimento – Alumni FDC