Nas circunstâncias atuais, caracterizadas por dúvidas, mudanças tecnológicas e modificações rápidas, a coragem se tornou um traço essencial para aqueles que estão em posição de liderança e desejam buscar o extraordinário. Tenho mencionado que líderes precisarão de uma flexibilidade nunca antes vista e, além disso, precisarão entender a importância de serem excepcionais nos resultados e no relacionamento com as pessoas. Se 2024 foi um ano difícil para a liderança, espere por 2025! As exigências pelas atitudes de liderança estão cada vez mais claras e o comportamento humano está cada vez mais complexo.
Mais do que fazer escolhas difíceis, hoje, liderar com coragem significa assumir riscos cuidadosos, questionar a situação atual e abrir espaço para novas ideias, com muita inteligência emocional, mesmo quando há oposição. Líderes ousados não apenas constroem confiança e envolvimento 360 graus, mas também criam lugares onde ser vulnerável é visto como força, não como um gap comportamental. Em um mundo que precisa de mudanças regulares, a liderança se mostra na habilidade de agir com honestidade, enfrentar os problemas diretamente e mobilizar as pessoas para um futuro em mudança.
Ser líder não se limita aos velhos paradigmas de controle e comando, e já sabemos disso. No momento atual, emergem novas tendências de liderança que se baseiam, mais do que nunca, em características como inovação e colaboração, empatia assertiva, inteligência relacional, agilidade com mentalidade de crescimento e hiperfoco em sustentabilidade, seja da organização, do planeta ou de nós mesmos(as).
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Tendências e desafios
Vamos explorar as principais tendências que estão em evidência e como elas influenciam a liderança em busca do extraordinário e a adaptação em ambientes organizacionais cada vez mais desafiadores?
1. Líderes precisarão ser visionários que possam antever as mudanças

À medida que o ano de 2025 (e os próximos) avançam, as organizações evoluem para ecossistemas dinâmicos e, talvez, até mesmo adaptáveis, com inovação e colaboração no centro da experiência de trabalho. Nesse sentido, os líderes precisarão ser visionários que possam ver as mudanças que estão por vir e não apenas reagir a elas, mas também ajudar a criar o caminho a seguir. Portanto, além de gerenciar as operações diariamente, haverá a necessidade de encontrar diferentes tipos de pensamento e ação, inspirando equipes a procurar caminhos não trilhados e fazendo sentido para eles neste trabalho. A grande questão, agora, é fazer com que as pessoas “comprem” a visão, comuniquem-na excessivamente e compartilhem sua crença de que as coisas darão certo.
2. Inovação contínua
Precisaremos de inovação contínua. Temos de tentar construir uma cultura de experimentação, na qual os erros são parte do processo, e pedimos à equipe que pense criticamente e autonomamente como uma forma de as pessoas sentirem que vale a pena trabalhar ali, com indivíduos ao redor, e investir em algo novo; vale a pena pensar diferente. Eu chamo isso de sentimento de valor agregado.
3. Espaço para a criatividade e empatia

Pessoas que lideram deverão ter a habilidade e a consciência de abrir espaço para que a criatividade cresça — a habilidade emocional mais necessária neste momento é a empatia assertiva, não no sentido de apenas se colocar no lugar de alguém, mas trabalhando por meio de assistência proativa e colaborativa para observar o que a outra pessoa pode querer ou precisar.
Neste sentido, as pessoas que entenderem as necessidades de seus times, promovendo um ambiente inclusivo, um ambiente seguro onde todas as pessoas se sentem valorizadas, sairá à frente. Tarefa árdua diante das complexidades humanas, mas não impossível.
4. Trabalho em equipe
O trabalho em equipe tem se destacado como uma das principais forças nas organizações. A competência de um líder em fomentar e administrar a colaboração autêntica entre os grupos já é — e continuará sendo — fundamental. A inteligência relacional, isto é, a capacidade de combinar várias habilidades e pontos de vista em busca de um propósito compartilhado por meio de relações pode ser mais preciosa do que o esforço individual.
Líderes que aderirem a essa tendência reconhecerão que muitas vezes as soluções mais inovadoras surgem de conceitos distintos. Eles(as) fomentarão um ambiente seguro, no qual todos se sintam incentivados a colaborar, e suas decisões serão comumente tomadas com base no acordo e no envolvimento ativo do seu time.
5. Versatilidade e disposição para aprender
Outro aspecto crucial será a agilidade, a habilidade de se adaptar e atender às novas necessidades. O(a) líder deverá ser versátil, estar preparado(a) e disposto(a) a aprender com os desafios. Portanto, a mentalidade de aprender com os desafios é um destaque em 2025.
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A mentalidade de abertura à aprendizagem é uma outra tendência importante no aprimoramento da liderança. Líderes que possuírem essa visão entendem que competências e talentos podem ser aprimorados com o passar do tempo, mediante esforço, determinação e persistência.
Líderes que adotam uma mentalidade voltada para o aprendizado motivam suas equipes a enxergarem os desafios como chances de crescimento, ao invés de barreiras intransponíveis. Essas pessoas promovem a perspectiva de que o erro é uma etapa normal do desenvolvimento e, por isso, deve ser regularmente analisado e superado. Essa abordagem contribui para o estabelecimento de culturas organizacionais resilientes, nas quais a busca por evolução contínua é um valor essencial.
Ajustes rápidos para melhoria contínua
Não importa quais desafios você enfrenta, é importante adaptar-se rapidamente às novas circunstâncias e manter sua equipe focada e engajada. Acredito que agilidade não é apenas uma questão de reagir às mudanças; trata-se de criar uma cultura organizacional que aprenda com o fracasso, se reinvente e implemente ajustes rápidos para melhorar continuamente.
Como não discutir o tema do desenvolvimento humano sustentável?
Mais do que nunca, a liderança precisa ser inspirada por ações que priorizem efetivamente o bem-estar do planeta e das comunidades, pois o maior desafio será pensar e fazer as coisas de forma diferente, com mais foco na construção e sustentação de uma sociedade digna.
Por último, mas não menos importante, enfrentamos novas questões relacionadas à tecnologia e à humanidade. A tecnologia deverá ser uma aliada, mas as verdadeiras ligações humanas continuam a ser fundamentais, exigindo que as equipas e a liderança equilibrem a eficiência das ferramentas digitais com a importância e relevância dos relacionamentos.
Para 2025 em diante, o verdadeiro sucesso de uma organização não será determinado apenas pelo desempenho financeiro, mas, também, pelo impacto positivo que você tem na sociedade como líder. Portanto, neste momento você tem o poder de criar e, o mais importante, a capacidade de moldar não só a sua equipe, mas o futuro do trabalho! Estamos construindo a história que nossos descendentes ouvirão sobre liderança. Como líderes, podemos optar por construir uma história de valor.
Por meio da inovação, da colaboração, da empatia, da agilidade e da flexibilidade, líderes não apenas vão superar os desafios do presente, mas também deverão preparar suas organizações para o futuro. O líder dos próximos anos não será aquele que lidera de cima para baixo, mas, sim, aquela pessoa que guiará com visão, confiança e uma capacidade inabalável de aprender e se reinventar.
O futuro da liderança é uma liderança extraordinária, a qual já está sendo desenhada. Ela é dinâmica, inclusiva e profundamente humana. Para que possamos contribuir com esta construção, que está a todo vapor, precisamos de muita autorresponsabilidade sobre nossas ações e, também, sobre o impacto daquilo que fazemos, tanto na vida das pessoas quanto nos resultados da organização.
Ser uma liderança extraordinária não é um novo approach de liderança, mas um novo estado de espírito. Líderes genuínos serão aquelas pessoas que escolherem todas as dores e amores de liderar gente e resultados, e escolherem este estado de espírito com o coração cheio de alegria, com o sistema emocional inundado de emoções positivas e muita vontade de fazer a diferença. A era da liderança para alimentar um “ego” acabou, surge uma nova era, “a liderança com alma”.
* Lívia Mandelli é professora associada da FDC