Em um momento no qual as empresas precisam redefinir ou criar funções, a governança efetiva da gestão de pessoas é essencial. E isso deve caminhar junto com a ampliação da agenda de sustentabilidade, enfrentamento de oscilações bruscas no cenário competitivo e velocidade nas mudanças.
Para entender esses desafios e, ao mesmo tempo manter uma gestão estratégica de talentos, no segundo trimestre deste ano a EY e a revista Corporate Board Member fizeram uma pesquisa com 150 diretores de empresas abertas dos EUA.
Em artigo, Jamie Smith diretora do EY Americas Center for Board Matters Investor Outreach and Corporate Governance, destacou quatro oportunidades para os conselhos defenderem uma estratégia de talentos resilientes.
Gestão com aproximação da experiência do empregado
Na maioria dos conselhos, apenas o diretor de RH serve como fonte de informações sobre as experiências e perspectivas dos funcionários. Segundo a especialista da EY, apenas 22% dos diretores conversam diretamente com os funcionários em encontros sistemáticos e menos da metade (44%) circulam pelos postos de trabalho.
Também se constatou pouca confiança nos métodos de supervisão e relatórios. Cerca de um terço (34%) questionam a própria sinceridade dos funcionários. Ao mesmo tempo, 23% temem que as informações sejam “filtradas” pelo RH e há também preocupação com ruídos e imprecisões com o que vem da média gerência.
O trabalho remoto, segundo a autora, pode, evidentemente agravar o distanciamento. Por isso, Jamie recomenda criar canais de comunicação direta e manter rotinas de interação com os times operacionais.
Transforme a angústia em expectativas com GenAI
A única certeza e consenso com o advento da GenAI é que terá impacto nas funções e na gestão da organização do trabalho. Entre os diretores, 59% esperam cortes de funções ou redução de equipes, ao mesmo tempo em que 55% falam em requalificar funcionários e 45% em contratações.
Embora 100% dos CEOs falem de investimentos significativos em GenAI em 2024, apenas 8% dos diretores disseram que seus conselhos supervisionam os treinamentos. A maioria dos funcionários (58%), no entanto, confia na capacidade de sua organização em se adaptar às mudanças, um otimismo que chega a 80% entre os diretores.
Mesmo que as lideranças não tenham todas as respostas sobre o impacto da GenAI, a valorização dos treinamentos cria um ambiente de perspectivas de desenvolvimento profissional e colaboração.
Compromisso e transparência com responsabilidade social
No atual contexto político e cultural dos EUA, a autora menciona contrapartidas às ações afirmativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), sinalizando que o tema é apontado entre as quatro prioridades relacionadas à força de trabalho por 41% dos diretores.
“A influência das expectativas dos funcionários nas abordagens de DEI pode estar prestes a crescer nos próximos anos, à medida que os millennials avançam para posições de liderança e profissionais da Geração Z preenchem os postos de trabalho. É crítico para trabalhadores de todas as gerações e é de suma importância para a crescente força de trabalho de gerações mais jovens, orientadas por propósitos e que estão ativamente escolhendo trabalhar em empresas que priorizam DEI”, diz Jamie.
Lide com o que interessa na gestão de talentos
A pesquisa revela uma contradição entre o que toma o tempo dos líderes e o que consideram efetivamente impactante, mas pontua que os diretores reconhecem a necessidade de maior envolvimento nos programas de treinamento, comunicação interna e desenhos de colaboração.
“Coloque as pessoas em primeiro lugar para obter a resiliência”, diz a autora. “Isso significa obter uma visão mais profunda da experiência do funcionário, supervisionar como o desenvolvimento de habilidades da força de trabalho está alinhado à estratégia e às iniciativas de transformação da empresa e questionar como a empresa se posiciona como um empregador para uma força de trabalho de próxima geração. Também significa avaliar e melhorar as práticas de governança do conselho para garantir que ele esteja focando nos tópicos e métricas que mais importam”, enumera.